Reflexão sobre a Família (4)

 

A violência é um acto deplorável, muito mais se exercida no seio da Família. Considera-se como um acto violento todo e qualquer acto exercido sobre uma pessoa no sentido de lhe causar dano físico, psicológico ou moral. Inscrevem-se, assim, nos actos violentos, as sovas, os socos, os insultos, as humilhações, as proibições sem sentido, ou melhor com um sentido bem determinado de coarctar a liberdade de determinada pessoa sem razão objectiva ou desconexa. São, pois, muito diversas as situações sobre alguém. A violência nunca é resposta humanamente aceitável. Constitui uma agressão à dignidade humana e por isso, fere os direitos humanos.

A Família, deve-se caracterizar como a primeira e mais determinante escola da tolerância, do diálogo, da compreensão e, por conseguinte, do Amor. Contudo, em muitas famílias vivem-se situações em que a violência é uma constante. Violência exercida entre os cônjuges, que deveriam dar o exemplo do amor tolerante e compreensivo, valorizando o diálogo. Violência de Pais sobre os filhos, pelo exercício do poder parental de forma autoritária e discricionária em vez da prática de atitudes de serviço aos filhos pelo exercício da autoridade parental, amorosamente vivido no quotidiano como forma de os fazer crescer responsavelmente e, assim preparando-os para a vida em liberdade. Violência, também, quando os Pais se demitem da educação da prole, embarcando em comportamentos laxistas e de permissividade que não são mais do que actos deletérios de negligência. Violência que passa, igualmente, pelo défice amoroso, acolhimento e escuta a cada filho e que estes tanto precisam. Violência exercida pelos filhos sobre os Pais, pela prática da desobediência, agressão física ou psicológica. Violência, nas suas múltiplas versões (soft ou hard ), de que são vítimas os deficientes, velhos ou doentes…

A violência nas famílias, infelizmente, é uma dura e bem triste realidade a que urge pôr cobro: prevenindo comportamentos violentos – ajudando, apoiando e denunciando! Tratando as patologias individuais e grupais familiares.

A formação, a orientação e a mediação familiares são apelos que precisam de encontrar disponibilidade de meios técnicos e financeiros. Àqueles temos feito “ouvidos moucos”. Preferimos lamentar. Ou chorar sobre “o leite derramado”. Ou, pior ainda, “bater o mea culpa no peito dos outros!”

Carlos Aguiar Gomes

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