Público - 18 Fev 03
Ensino Profissional com Maior Empregabilidade
Por S.S.C.
Os alunos que saem das escolas profissionais são os que têm mais facilidade em
arranjar emprego. No estudo de Joaquim Azevedo refere-se que os jovens que
frequentam estes estabelecimentos de ensino "são aqueles cujos pais pertencem a
grupos profissionais menos prestigiados e com mais baixo nível remuneratório".
No entanto, prosseguem os investigadores, são precisamente estes os que revelam
uma inserção no mercado de trabalho mais favorável.
Segundo dados do Observatório Permanente do Ensino Secundário (OPES), os
diplomados que saíram das escolas profissionais em 1997 foram os que se
dirigiram em maior número para o mercado de trabalho após a conclusão dos cursos
e os que apresentaram menor volume de desemprego. São também estes os alunos que
"avaliam mais positivamente" os cursos que realizam no nível secundário.
Conclusão: existe "um elevado grau de consecução da missão das escolas
profissionais".
O aparecimento destas escolas, em 1989, permitiu desenvolver formações de
carácter profissionalizante em vários concelhos do país onde a oferta era
escassa. "Porém, a ampliação da oferta de formação não criou ainda a
possibilidade de cobertura completa do país. Actualmente, existem ainda
concelhos onde a oferta de ensino e formação de nível secundário é reduzida ou,
em casos pontuais, inexistente", pode ler-se no estudo.
"Igualmente preocupante é o facto de existirem largas zonas do país onde a
oferta de formação se resume a cursos gerais", dizem também os investigadores.
São 58 os concelhos do país nesta situação, geralmente situados no interior mais
pobre do país. "Aos alunos destes concelhos apenas se colocam três hipóteses: ou
estudar num curso geral, ou afastar-se da sua zona de residência, no imediato,
para poder frequentar um curso profissionalizante, ou, no caso mais comum,
deixar de estudar." Na opinião dos autores do estudo, esta "é uma enorme
fragilidade das ofertas estatal e privada de formação do nível secundário". "A
situação das escolas secundárias apresenta-se, em geral, com características que
carecem de actuação urgente, sobretudo no que se refere aos cursos
tecnológicos", sentenciam os investigadores. Por isso, concluem, o nível
secundário de ensino e formação tem que ser alvo de uma "reformulação profunda",
para que possa tornar-se "suficientemente espaçoso" para receber todos os jovens
portugueses entre os 15 e os 17/18 anos.

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