Associação de Famílias - 25 Fev 03

"Os Pais e os Centros Educativos"
Carlos Aguiar Gomes,
Presidente da Associação Famílias

É já um lugar comum dizer-se que "os pais são os primeiros e principais  educadores dos seus filhos". São, igualmente, insubstituíveis. Por ser um lugar comum, corremos o risco, grave, de não pensarmos o suficiente no valor que aquele princípio encerra. Na realidade, os pais por terem dado a vida aos filhos, assiste-lhes o direito indeclinável de tudo fazeram e disporem para assumirem, em plenitude, aquelas funções. É seu direito. É seu dever. E no exercício da pedagogia parental não são substituíveis. Ninguém, por melhor que seja, pode desempenhar cabalmente as tarefas que competem aos pais. Nunca é demais repetir este axioma. Assenta, como disse, no direito natural. Está, por isso, inscrito na natureza da identidade de ser Pai e Mãe. Dito de outra maneira: ser Pai e Mãe acarreta a nobre, difícil e insubstituível tarefa de educar a prole. Com as alterações sócio-culturais que se produziram a partir da Revolução Industrial e, entre nós, com maior ênfase desde a Revolução de Abril, os pais - o Pai e a Mãe - viram as suas funções educativas cada vez mais partilhadas com outros educadores. Assim, apesar de continuarem a ser os primeiros, principais e insubstituíveis educadores dos filhos, os pais não são os únicos a terem a responsabilidade de educar as crianças e os jovens. Os Centros Educativos (Creches, Jardins de Infância, Escolas de qualquer ciclo) surgem como co-educadores com os Pais, não os substituindo, mas apoiando estes, colaborando, cooperando no desenvolvimento integral dos educandos. O Centro Educativo não tem o papel (não pode ter!), de se substituir aos pais. A responsabilidade primeira continua a ser dos Pais. O seu projecto educativo é para ser respeitado não por especial deferência do Estado ou de outra entidade qualquer, mas por direito natural. Neste sentido vai a Constituição portuguesa ou a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Nada nem ninguém se pode, pois, sobrepor aos pais. Para que, contudo, haja uma sintonia entre os diversos actores pedagógicos, nomeadamente Docentes e pais, é essencial que uma dinâmica dialógica positiva e construtiva,  seja incrementada e desenvolvida. Sempre. De forma institucional, aproveitando os ""Canais" de comunicação oficiais entre o Centro Educativo e os Pais (Associações de Pais, Director do Centro Educativo, Director de Turma, etc) ou de forma aberta, directa e não formal, entre os Pais e os Docentes. Seria bom que ambos os protagonistas educativos houvesse um clima de confiança, com vontade de resolução de problemas. Que esta posição prevalecesse sobre a desconfiança ou, pior ainda, sobre a arrogância manifestada por tantos pais e docentes.De facto, o essencial para que as crianças e jovens que frequentam um qualquer Centro Educativo, é que os seus educadores os tenham como alvo privilegiado e a privilegiar  constantemente. Qualquer educador sério sabe que a centralidade das suas preocupações enquanto tal são o desenvolvimento harmonioso dos seus educandos como pessoas, esforçando-se por fazer deles Homens e Mulheres equilibrados e responsáveis. Assim, com esta preocupação e ocupação, o diálogo entre os educadores brota espontaneamente respeitador da especificidade dos Pais por parte dos Docentes e destes por parte daqueles.
Nunca será excessivo repetir que os Centros Educativos, assim entendidos, não são meras arrecadações das crianças e jovens. A sua importância é inquestionável. A começar pelas creches e pelos Jardins de Infância, onde os meninos não só estão em segurança, como, devagarinho, pela mão e com o coração dos educadores, vão crescendo aprendendo regras ou conhecendo princípios que os guiam e orientam. Onde lhes são ensinados valores, como em casa, que irão nortear a sua caminhada rumo ao futuro. Futuro com autonomia, em liberdade, com tolerância, na solidariedade para com os outros, sabendo perdoar as suas falhas que também vão tomando conhecimentos das suas próprias limitações. Aprenderão a tornarem-se responsáveis , progressivamente. Aceitarem a autoridade amorosa dos docentes como devem fazê-lo para com o dos seus pais. Por isso, os Pais e os Docentes devem estar em permanente diálogo, evitando o confronto: a educação das crianças e jovens não é, nem pode ser, como um desafio entre duas equipas rivais. Os Pais e os Docentes deverão ter consciência de que devem formar uma equipa coesa, coerente e sintonizada. A bem das crianças e jovens.

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