Público - 25 Fev 03
Serviço de Apoio "On Line" a Escolas com Problemas de Violência
Por ISABEL LEIRIA
Peritos aconselham e sugerem medidas
O Departamento de Educação Básica compromete-se a analisar, num prazo de dez
dias, os casos relatados
É o primeiro projecto de consultadoria "on line" dentro dos serviços educativos,
garante Madalena Pereira, do Departamento de Educação Básica (DEB) e
coordenadora da iniciativa "Prevenção da indisciplina e violência
nas escolas". A ideia é simples: ajudar os estabelecimentos de ensino a lidar e
a responder da melhor forma a estes fenómenos.
Uma equipa de oito professores universitários, especializados nas diferentes
áreas da psicologia e das ciências da educação, com a ajuda de dois elementos do
DEB, comprometem-se a analisar os casos relatados e, num prazo máximo de dez
dias, sugerir algumas medidas que possam prevenir situações futuras e ajudar a
solucionar os problemas existentes. A apreciação do primeiro caso - um aluno foi
apanhado a borrifar perfume para cima de colegas e agrediu funcionários e
professores - pode já ser consultada na Net.
A equipa responsável pelo projecto pede às escolas que se deparam com situações
de indisciplina ou violência que relatem, por e-mail (nopae@deb.min-edu.pt),
os casos que perturbam o seu dia-a-dia. Todos eles serão encaminhados para algum
dos elementos do grupo de apoio e publicados depois no "site" do Departamento de
Educação Básica.
Embora os estabelecimentos de ensino tenham de se identificar quando relatam o
episódio, todo o processo, incluindo a divulgação na Internet, decorre sob
anonimato.
O DEB sublinha ainda que este espaço de aconselhamento e apoio aos professores
tem um carácter apenas pedagógico, estando excluído "qualquer procedimento de
carácter inspectivo ou sancionador para qualquer dos intervenientes citados no
caso ou para a própria escola". No entanto, se a situação descrita for muito
grave ou necessitar de um maior acompanhamento, o próprio DEB poderá tentar
ajudar por outras vias. Para isso, as instituições devem indicar o nome do
professor que será o futuro "agente de contacto" na escola.
O primeiro caso
Num cenário onde escasseiam os serviços de psicologia e orientação escolar,
Madalena Pereira confia que esta iniciativa poderá ser de grande utilidade às
escolas. "É uma forma de acesso que proporcionamos aos melhores peritos nesta
área", sustenta. Só que, apesar da iniciativa estar a ser divulgada há mais de
um mês no "site" do DEB, a verdade é que, até agora, a oportunidade só foi
aproveitada por um estabelecimento de ensino. Desconhecimento ou falta de hábito
em utilizar a Internet poderão explicar a fraca adesão, sugere a coordenadora.
De qualquer forma, o primeiro caso, acompanhado do parecer elaborado pela equipa
de especialistas, já pode ser consultado na Internet. Trata-se de uma escola a
braços com um aluno que "parece não reconhecer nenhum tipo de autoridade e
desafia sistematicamente as regras". Agressões verbais e físicas a uma auxiliar
e a dois professores - que tentavam retirar o spray de perfume com que o jovem
insistia em borrifar a cara das alunas que ia encontrando - foram o último
desacato. A escola instaurou-lhe um processo disciplinar e o estudante foi
suspenso preventivamente.
Mas há a consciência de que o problema está longe de ser resolvido: "Fica um
sentimento de misto de revolta e de impotência; um desejo de punir o aluno e de
o ajudar", acrescido do "receio de que todas estas medidas tenham um efeito
temporário e que o aluno continue a tomar atitudes que constituam um risco para
os restantes membros da comunidade educativa".
As sugestões dos peritos, com a ressalva de que devem ser entendidas como meras
pistas, também já estão disponíveis. E vão desde a criação de ateliers de
formação, para que professores e outros responsáveis da escola tenham um maior
conhecimento sobre os comportamentos, até trabalhos susceptíveis de ser
desenvolvidos na turma.
Outras informações sobre o projecto "Prevenção da indisciplina e violência nas
escolas" podem ser obtidas em "www.deb.min-edu.pt"

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