Público - 7 Fev 03

Quase 40 Mil Alunos Chumbam nos Primeiros Quatro Anos da Escola
Por ISABEL LEIRIA

Ano lectivo de 1999/2000

No ensino básico, o 7º ano concentra o maior número de repetentes; no 12º, quase metade não passa

São os mais recentes e pouco animadores dados relativos às taxas de aproveitamento dos alunos: no ano lectivo de 1999/2000, quase 40 mil meninos (38.870, mais precisamente) chumbaram nos primeiros quatro anos da escola - o chamado 1º ciclo do ensino básico, até há pouco conhecido como escola primária.

E foi logo no 2º ano (antiga 2ª classe) que se fizeram sentir as maiores dificuldades. O facto de, em princípio, não haver retenções no 1º - a lei diz que os alunos devem matricular-se no ano seguinte, ainda que possam continuar a aprender matéria anterior - explicará em parte esta acumulação de insucesso.

Com a taxa de retenção a fixar-se nos 13,7 por cento (mais de 18 mil crianças, num universo de 133 mil matriculados, chumbaram), conclui-se que são os miúdos com sete, oito anos os que mais tropeçam durante o início da escolaridade obrigatória.

Já na totalidade dos nove anos do ensino básico, e ainda de acordo com as estatísticas oficiais do Ministério da Educação, recentemente disponibilizadas no "site" do Departamento de Avaliação, Planeamento e Prospectiva, é no 7º que os estudantes mais chumbam: em 1999/00 aconteceu com 18,1 por cento dos matriculados. Dentro do ensino básico é a mais alta taxa de retenção, afectando mais de 24 mil alunos.

Já no 8º ano os valores permanecem altos, mas descem para os 14,2 por cento. No ano seguinte - o último da escolaridade obrigatória e até talvez por isso - a percentagem de não aproveitamento cai para os cinco por cento.

Os valores encontrados para o 2º ciclo comprovam igualmente que os anos que marcam a transição de nível de estudos - multiplicam-se as disciplinas e os professores - complicam a vida dos alunos. No 5º e 6º ano as taxas de
retenção são de 12,2 e 11,5 por cento, respectivamente. O mesmo é dizer que mais de 30 mil estudantes chumbaram.

Secundário com taxas de insucesso elevadíssimas  

Olhando para o panorama do ensino secundário, o cenário torna-se ainda mais dramático. Praticamente metade (48,3 por cento) dos estudantes que, em 1999/2000, estavam matriculados em cursos gerais no 12º ano não conseguiram concluir os estudos. No ensino tecnológico, os resultados foram ainda piores: 57,1 por cento chumbaram.

Pior ainda é que, se se comparar com dados de anos anteriores - 95/96 e 96/97, por exemplo -, chega-se à conclusão de que os níveis de insucesso se agravaram. De uma taxa de conclusão à volta dos 60 por cento nos cursos gerais (aqueles que se destinam essencialmente para o prosseguimento de estudos) passou-se para os 54 por cento e agora para os 51 por cento. A introdução dos exames nacionais, a partir de 1995, poderá ajudar a explicar as dificuldades acrescidas.

Seja por que razão for, os números fazem mesmo acreditar que, dentro do ensino secundário, não há ano tão difícil para os estudantes como o 12º. Mas o início também se afigura complicado: um em cada três jovens ficaram retidos no 10º ano. O que significa que cerca de 30 mil alunos chumbaram a mais de duas disciplinas. No 11º, o número dos que não transitaram cai para um em cada cinco.

Registe-se ainda que é a região do Algarve a mais afectada pelo insucesso: em 1999/2000, mais uma vez para os cursos gerais, as taxas de conclusão do ensino secundário fixaram-se em 43,1 por cento. Ou seja, dos 3262 alunos matriculados, pouco mais de 1400 terminaram o ano com sucesso.
 

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