Demografia:
População portuguesa continuará a envelhecer um ano
em cada cinco anos - estudo
A demografia
portuguesa continua a ter uma evolução "preocupante"
nos últimos 30 anos e se nada for feito a idade
média da população continuará a subir linearmente
cerca de um ano em cada cinco anos.
Lisboa, 19 Set (Lusa)
- A demografia portuguesa continua a ter uma
evolução "preocupante" nos últimos 30 anos e se nada
for feito a idade média da população continuará a
subir linearmente cerca de um ano em cada cinco
anos.
Esta é a conclusão de
um estudo de projecção demográfica elaborado pela
Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN),
que será divulgado a 27 de Setembro no seminário
intitulado "Inverno demográfico: o problema. Que
respostas?", a realizar na Assembleia da República.
Em declarações à
agência Lusa, Fernando Ribeiro e Castro, presidente
da Associação, recorda que a população portuguesa
continua a envelhecer a um ritmo "mais do que
preocupante", sublinhando que está na "hora de o
Governo tomar medidas para inverter esta tendência
sob pena de irmos pagar um preço muito alto no
futuro próximo".
Para a Associação
Portuguesa de Famílias Numerosas, o envelhecimento
da população pode ser travado através de uma
política que permita às famílias terem os filhos que
desejam sem que por isso sejam penalizados, o que
levará a que o Índice Sintético de Fertilidade
(número médio de filhos por mulher em idade fértil)
seja de 2.1, um valor igual ao número médio de
filhos desejados.
Caso o Índice
Sintético de Fertilidade se mantenha constante, a
situação demográfica agravar-se-á ainda mais,
elevando bastante a já grande desproporção entre
idosos relativamente a jovens e pessoas em idade
activa.
Segundo a Associação
Portuguesa de Famílias Numerosas, o Índice de
Dependência de Idosos (número de idosos por cada 100
pessoas em idade activa) atinge, segundo o estudo da
associação, um máximo de 48 em 2050.
Para Fernando Ribeiro
e Castro, esta situação resulta de "30 anos de
distracção dos sucessivos portugueses" que "nunca
admitiram haver problemas sérios a nível demográfico
para resolver em Portugal".
Outro problema
reside, acrescentou, no facto de Portugal continuar
a promover o divórcio - "de que é exemplo acabado a
última proposta de lei do Governo de Sócrates" - em
detrimento da promoção da "estabilidade do casamento
e cós casais".
"O Estado tem que ver
que o casamento é um valor importante porque a
estabilidade conjugal é muito importante para o
futuro de um país", frisou.
De entre as medidas
"aberrantes" existentes em Portugal, Fernando
Ribeiro e Castro citou o facto de em sede de IRS um
divorciado poder descontar até 6.000 euros por cada
filho a cargo, o que é inadmissível".
Fernando Ribeiro e
Castro defende assim que o Governo português deve
considerar "o terceiro filho ou o de ordem superior
(acima do terceiro) uma riqueza nacional" porquanto
é ele que "vai suportar as reformas no futuro".
Um especialista do
Instituto de Política Familiar da Europa, outro da
Confederação Europeia de Famílias Numerosas,
eurodeputados portugueses, sociólogos e deputados
contam-se entre os participantes no seminário, cuja
sessão de encerramento será presidida pelo ministro
do Trabalho e da Solidariedade Social.
A passagem de um
vídeo, inédito na Europa, Desafio demográfico na
Europa, Desafio demográfico em Portugal, Desafio
demográfico e sustentabilidade económica e social
são os painéis em que se divide o seminário.