Foi-se o respeito e só já resta a pena José Bento Amaro
Três tiros à queima-roupa. Um homem em perigo de
vida e outro que vai enfrentar uma acusação de
homicídio. Um episódio (de assassinato) que, segundo
as estatísticas, se repete no país uma vez a cada
três dias. Mas este caso encerra uma novidade:
aconteceu dentro de uma esquadra da PSP. Vítima e
atirador são civis.
Na passada semana, dois agentes da PSP de Oeiras
foram avisados, pelo comandante, que tinham de pagar
o valor de uma portagem. Dias antes, acudindo a um
assalto a um posto de combustíveis na A5, tiveram o
desplante de, com uma viatura policial, terem
passado pela Via Verde.
Na sexta-feira, no Tribunal de Oeiras, uma juíza
mandou duas assaltantes de residências, presas em
flagrante, apresentarem-se diariamente na PSP
daquela localidade. Até hoje não mais foram vistas
as duas mulheres (estrangeiras), que se haviam
identificado com passaportes caducados e que
indicaram como domicílios os endereços de dois
advogados lisboetas. Sabe-se que as senhoras terão
assaltado (usando uma radiografia para abrir portas)
mais de uma dezena de residências em Miraflores e
Oeiras.
Em Abril, em Moscavide, o único agente que se
encontrava no interior da esquadra assistiu,
estarrecido e quedo, ao espancamento de um jovem que
ali procurara ajuda. Os agressores eram entre 15 a
20 indivíduos. Não houve apresentação de queixa nem
tão-pouco ida ao hospital. Apenas um ajuste de
contas dentro de uma esquadra, nas barbas de um
polícia.
Estes quatro casos exemplificam aquilo de que há
muito os polícias se queixam: falta de respeito por
progressiva perda de autoridade. Os casos de
Portimão e Moscavide demonstram que, estando ou não
presente a polícia, esta não constitui entrave à
prática dos crimes. Os casos da A5 e de Oeiras
revelam a falta de apoio que os polícias dizem
sentir por parte das chefias e do poder judicial.
Não é, como sucedeu no BES, ordenando à polícia que
dispare contra os criminosos (uma semana antes um
polícia baleara um colega) que o respeito se
reconquista. De momento, a polícia, mais do que
infundir respeito, está a provocar risos e, por
vezes, até pena.