Material do 1º ciclo faz disparar despesas Pedro Sousa Tavares
Educação. A Confederação Nacional das Associações de
Pais (Confap) acusa algumas escolas primárias de
divulgarem listas de material lectivo recomendado
que custa quatro vezes mais do que os manuais e
suspeita que se estejam a reforçar os ATL à custa
dos pais. Nestas páginas, o DN divulga também o
cabaz de manuais escolares do 1.º ano ao 9.º, para
este ano lectivo, em que se registam aumentos de
5,4% a 3,7% nos preços
Há escolas com listas acima dos 100 euros/aluno
As listas de material didáctico recomendado pelas
escolas do 1.º ciclo chegam a implicar gastos "mais
do que três e quatro vezes superiores" aos dos
manuais. A denúncia é da Confederação Nacional de
Associações de Pais (Confap), que "desconfia" que
muitos estabelecimentos estejam "a apresentar como
necessário às actividades lectivas material que na
realidade se destina às actividades de
enriquecimento curricular (AEC)".
De acordo com o cabaz de preço dos livros da
Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (AEPL)
para 2008/09, que o DN divulga nestas páginas, os
manuais do 1.º ciclo vão custar este ano entre 21,26
e 28,17 euros. Uma subida de 5,5% face ao ano
passado. Mas, segundo a Confap, há listas de
material das escolas que chegam aos 110 euros", e
incluem artigos de utilidade "lectiva" difícil de
justificar.
"Já tivemos ocasião de denunciar alguns casos à
Comissão de Acompanhamento das AEC", disse ao DN
Albino Almeida, presidente da Confap. "Para que
precisam por exemplo algumas escolas de pedir uma
resma de papel A4 por aluno, como vimos em algumas
listas? Vão gastar dezenas ou centenas de resmas num
ano?", questionou. "É preciso também que os pais
sejam informados pelas escolas de que não precisam
de comprar o material todo de uma vez. E que há
material de outros anos que podem ser reutilizados",
acrescentou.
Outra crítica prende-se com a recomendação, para as
AEC, de "artigos que os pais não devem comprar. É o
caso de um livro de Inglês para o 1.º ciclo que,
como é usado por algumas empresas privadas que dão
apoio às actividades de enriquecimento curricular,
acaba por ser recomendado aos pais pelas escolas".
Aos pais, a Confap deixa um alerta: "Que estejam
muitos atentos ao que lhes é pedido. E que, quando
concordarem em ajudar em despesas que não são
obrigados a fazer, peçam para ver as contas no fim".
"Insensibilidade social"
Para a Confap, além de "abusivas", estas listas
revelam "grande insensibilidade social" por parte
das escolas em causa , sobretudo num ano em que
foram anunciados aumentos significativos nos apoios
da Acção Social Escolar para alunos carenciados, com
mais de 400 mil a garantirem manuais gratuitos e
muitos outros a conseguirem-nos a metade do preço.
"Muitos alunos vão ter os livros de graça, mas para
os materiais o Estado dá até 12,5 euros", criticou.
Se pensarmos em listas de material acima dos 110
euros, percebemos a dificuldade que estas
representam para algumas famílias", acrescentou. "Há
pais que vão poupar nos livros mas depois terão de
se endividar para comprarem os materiais
recomendados", criticou.
O DN tentou confirmar estas denúncias junto do
Ministério da Educação, mas não foi possível obter
resposta até ao fecho desta edição. À hora a que
esta notícia foi elaborada já não era possível
entrar em contacto com alguns dos estabelecimentos
que integram o conselho das escolas.