Portugal Diário - 03 Set 08

 

Educação: as promessas do Governo
Ano lectivo vai arrancar com a perspectiva de concretização de várias apostas do executivo de José Sócrates

 

A transferência de competências para as autarquias, o alargamento da Acção Social Escolar a mais de 771 mil alunos e mais vagas para os cursos profissionais são apostas do Governo para o ano lectivo que arranca dia 10.

 

Para trás fica um ano marcado pela polémica à volta da avaliação dos professores, pela discussão dos diplomas sobre o estatuto do aluno, da gestão escolar, das alterações no ensino especial e dos debates sobre a indisciplina nas escolas. Os sindicatos de professores já prometeram não dar tréguas ao Governo em 2009, ano de eleições legislativas.

 

As novas responsabilidades atribuídas às autarquias - gestão do pessoal não docente até ao 9º ano e a gestão do parque escolar nos 2º e 3º ciclos - mereceram a contestação da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

 

A passagem de 36 mil funcionários não docentes para as autarquias é o aspecto mais visível da dimensão deste processo que levou a ANMP a reivindicar a revisão das Leis das Finanças Locais e a rejeitar a proposta apresentada pelo Ministério da Educação. Apesar de não haver qualquer acordo entre a ANMP e o Ministério, a transferência de competências vai avançar, mas com contratos individuais com as autarquias que se mostrem interessadas.

 

Tecnologia também é aposta

 

A grande novidade para este ano foi anunciada a 10 de Julho pelo primeiro-ministro: o alargamento da Acção Social Escolar, que permitirá que 400 mil alunos carenciados do ensino básico e secundário tenham refeições e manuais escolares gratuitos.

 

No mesmo dia, José Sócrates anunciou a criação do passe escolar nos transportes públicos que garantirá uma redução para metade do valor mensal da assinatura de cada tipo de transporte.

 

Colocar a escola pública portuguesa na «linha da frente» do desenvolvimento tecnológico, graças a um investimento global de 400 milhões de euros, é outro objectivo traçado pelo primeiro-ministro.

 

Já este ano lectivo, que arranca entre 10 e 15 de Setembro, serão distribuídos 500 mil computadores portáteis aos alunos do primeiro ciclo, que terão um custo máximo de 50 euros, no âmbito do programa «e.escolinha». Todas as crianças deverão ter acesso ao computador Magalhães.

 

No caminho da «escola do futuro», o Governo está a apetrechar os estabelecimentos de ensino com um conjunto de equipamentos informáticos para melhorar as aprendizagens e a eficiência da gestão escolar, no âmbito do Plano Tecnológico da Educação, que pretende colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados ao nível de modernização tecnológica de ensino.

 

Ofertas e prémios

 

Ao abrigo deste plano, os alunos do 2º e 3º ciclos do ensino básico e do ensino secundário vão dispor de um cartão electrónico que permite controlar as entradas e saídas dos alunos, o seu consumo nas instalações escolares e suprimir a circulação de dinheiro no recinto escolar.

 

O Governo espera ainda ter este ano lectivo 80 mil estudantes a frequentar os cursos profissionais no ensino secundário, aumentando em 18 mil o número de vagas no 10º ano, um crescimento de quase 60 por cento.

 

Para assinalar a entrada das crianças no 1º ano, o Ministério da Educação vai oferecer um livro a cada aluno das escolas do ensino público e privado. Para distinguir os melhores alunos de cada escola do ensino secundário, o Ministério da Educação criou o Prémio de Mérito, com o valor pecuniário de 500 euros.