Vimioso já viu nascer perto de 150 crianças Câmara foi a primeira do país - há cerca de seis
anos - a criar incentivos à natalidade
Glória Lopes
Os autarcas trasmontanos
tentam a todo custo preservar população na região,
que, desde a década de 60, já perdeu cerca de 150
mil habitantes. Os incentivos à natalidade crescem e
o valor atribuído também.
A Câmara de Vimioso foi a primeira Autarquia do país
a premiar financeiramente quem decide ter filhos na
terra. E são cada vez mais os municípios a aderir à
iniciativa. A parada está a aumentar. Enquanto
Vimioso atribuiu um subsídio de 500 euros por cada
bebé que nasça no concelho, a freguesia de Lamas de
Olo, em Vila real, subiu a fasquia até aos mil euros
e uma mensalidade de 100 euros até as crianças
fazerem 10 anos.
Há seis anos que a Câmara de Vimioso decidiu
atribuir o apoio monetário aos casais que tenham
filhos, desde então já foram entregues cerca de 80
mil euros e, mais importante do que qualquer verba
monetária, já nasceram perto de 150 crianças. O
presidente da edilidade, José Rodrigues, diz que o
balanço "só pode ser positivo", isto porque se
atenuou a grande quebra de natalidade que o concelho
enfrentava. É certo que o problema do despovoamento
e do envelhecimento populacional está longe de estar
resolvido mas, sublinha o autarca, "pelo menos houve
uma estagnação na diminuição dos nascimentos".
Em 2007, nasceram 30 bebés, e foram atribuídos 15
mil euros em subsídios à natalidade. Um valor
irrisório, pois o autarca não se esquece de eque a
verba atribuída a cada casal é "simbólica", dada a
importância do rejuvenescimento populacional. "Este
ano, também já nasceram bastantes crianças, nós
queremos é que nasçam e que os jovens fiquem por
cá", explicou.
Tudo o que contribui para o aumento da população é
benéfico num concelho com pouco mais de cinco mil
habitantes.
Gonçalo, de 18 meses, foi um dos bebés que
beneficiaram de dois incentivos à natalidade: 500
euros da Câmara de Vimioso, mais 250 da freguesia de
Carção, onde reside. A mãe, Margarida Fernandes, de
28 anos, classifica os subsídios "como uma ajuda
boa", que foi bem recebida e que serviu
essencialmente para comprar as primeiras coisas do
enxoval.
A quantia está longe de cobrir as despesas que uma
criança faz. A família do pequeno Gonçalo, o único
bebé a viver em Carção, é um bom exemplo do maior
problema que enfrentam os casais jovens na região: a
falta de emprego.
O pai, Paulo Jorge, foi obrigado a deslocar-se para
Espanha para trabalhar, vai à segunda e regressa à
sexta-feira, faz o sacrifício para dar uma vida
melhor ao filho.
Também as câmaras de Carrazeda de Ansiães e de Murça
avançaram para os apoios à natalidade. A primeira dá
7500 euros aos casais até aos 35 anos que tenham o
terceiro filho, e a segunda atribui 750 euros por
cada nascimento. As juntas de freguesias de
Provezende (em Sabrosa) e Arroio (em Vila Real)
subsidiam com 250 euros cada nascimento.