relatório "education at a glance" Nove em cada dez
licenciados portugueses estão a trabalhar Bárbara Wong
OCDE defende que
a educação é a porta para entrar no mundo
do trabalho. Por isso,
a aposta na conclusão
do secundário e do superior é cada vez maior
O acesso a uma boa educação e
formação é "central" para o bem-estar económico e
social dos Estados e das pessoas, defende o
relatório Education at a Glance, da OCDE, sobre o
estado da educação em cerca de 30 países.
Ter um bom nível de educação é meio caminho andado
para obter um bom emprego ou pelo menos por mais
tempo. É por isso que na maior parte dos países
membros da OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico) o número de estudantes
que estão a completar o ensino secundário e o
superior está a aumentar, revela o estudo, que
analisa dados de 2004 e que foi divulgado ontem, em
Paris.
As taxas de emprego sobem à medida que as populações
têm níveis de formação mais altos. Esta afirmação
reflecte-se no caso português: entre a população dos
25 aos 64 anos que tem o ensino básico, 72 por cento
estão a trabalhar; mas entre os que têm o ensino
secundário são 80 por cento os que têm emprego e
quanto aos licenciados, nove em cada dez estão
inseridos no mercado de trabalho. Valores que andam
acima dos da média da OCDE: 84 por cento dos que
fizeram uma formação superior estão empregados; em
contraste, só 56 por cento dos que têm menos do que
o secundário é que estão a trabalhar.
Fazer o ensino superior é um investimento económico
sobretudo para os estudantes, mas é uma mais-valia,
continua o relatório. São os que têm mais formação
que podem obter melhores salários - embora as
mulheres continuem a ser discriminadas, sublinha a
OCDE. Mas não é só em termos económicos que um
licenciado beneficia. São muitos os estudos, feitos
a nível nacional, que indicam que há uma relação
positiva de causa/efeito entre o ter frequentado o
ensino superior e a boa saúde física e mental,
refere o texto.
Formações mais curtas
A OCDE dá conta do aumento do número dos que chegam
ao ensino superior. Em alguns países, mais de um
terço dos jovens com idade para estarem no ensino
superior estão envolvidos nesse tipo de formação. A
média da OCDE é de 34,8 por cento, quando em 2000
era de 27,5. Portugal não é excepção, ainda assim a
percentagem de estudantes que se encontram no ensino
superior é de 32,8 - ficando o país precisamente a
meio da tabela entre os 30 Estados analisados.
Por cá ainda são poucos os estudantes que optam por
uma formação a que a OCDE chama de "tipo B", ou
seja, um curso superior com uma orientação mais
vocacional e mais curta. A média dos 30 Estados é de
9,2; Portugal fica-se pelos 8,3 por cento. Os países
mais industrializados, como o Japão, fazem uma
grande aposta nesta formação (26 por cento).
A OCDE defende que quanto mais curtas forem as
formações superiores mais capacidades têm os alunos
de as terminar mais cedo. Em Portugal, os cursos
analisados têm cinco ou mais anos - com a aplicação
do processo de Bolonha, que procura uma harmonização
do ensino superior no espaço europeu, as
licenciaturas vão ter durações menores.
Apesar de entrarem no superior, cerca de 30 por
cento dos alunos portugueses não terminam os
estudos. Um número que anda muito perto da média da
OCDE. Em pior situação estão os americanos,
mexicanos e neozelandeses: apenas metade termina. Do
outro lado da tabela estão os japoneses, irlandeses
e coreanos, com taxas de sucesso acima dos 80 por
cento.
Superior: menos investimento
Na maior parte dos países, à medida que o nível de
ensino aumenta, sobe a despesa anual por aluno. A
média da OCDE é de 5380 euros por estudante.
Portugal aparece em 23.º em 33 países (incluindo
quatro que não são membros da OCDE), com um gasto de
4421 euros anuais.
Em todos os níveis de ensino, a despesa portuguesa é
inferior à média da OCDE. Por exemplo, em média, os
membros da OCDE gastam 8868 euros com os alunos do
superior; Portugal fica-se pelos 5673 euros por
estudante. Portugal faz parte do grupo dos que menos
gastam, mas quando se cruza essa despesa com o
produto interno bruto (PIB) per capita, a OCDE
conclui que, em proporção, o país gasta mais do que
a média. Entre 1995 e 2003, a despesa subiu 35 por
cento, devido ao aumento do número de alunos que
chegam ao superior.