Público - 27 Set 03

Alguns Alunos Fogem à Exigência da "Melhor" Escola Pública
Por B.W.

A Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, tem fama de ser exigente. Muitos alunos escolhem-na por isso mesmo, porque sabem que os professores vão puxar por eles e prepará-los para os exames nacionais. Não por acaso, este ano entraram em Medicina 21 alunos, orgulha-se Fernando Azeiteiro, presidente do conselho executivo.

Mas há também quem fuja da "melhor" escola pública - embora posicionado em 13º lugar do "ranking" das cem escolas com médias mais altas, o Infanta é a primeira pública (se não contarmos com o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, de Braga, que teve apenas oito alunos a prestar provas nos exames seleccionados pelo PÚBLICO, o que não tem relevância estatística). "Aqui, os alunos que se vão embora seriam médios, lá [nas outras escolas] são bons", explica Fernando Azeiteiro. No entanto, a Infanta não está a perder estudantes, já que são muitos os que chegam atraídos pelo nome do estabelecimento de ensino.

A sua fama não é dos tempos dos "rankings", já vem de trás. Mas se nos focarmos nas listas ordenadas, a Infanta tem estado sempre entre as do topo. Segundo a seriação feita em 2002 pelo Ministério da Educação, era mesmo a primeira pública e a terceira na lista global. No "ranking" do PÚBLICO aparecia em 10º e este ano desce três lugares.

"É difícil competir com os colégios, porque a maneira de funcionar é diferente", reage Fernando Azeiteiro. "Nós não podemos escolher os alunos e aqueles que repetem de ano, vezes seguidas, também fazem exames e acabam por contribuir para a média". A escola fica numa parte nobre da cidade e acolhe muitos filhos de pessoas com profissões liberais. "Noutras escolas, em zonas menos privilegiadas, as expectativas dos alunos são completamente
diferentes", admite.

Mas seja qual for a situação, para o professor Azeiteiro o importante é que os estudantes estejam motivados. Se assim for, há resultados. E a escola preocupa-se em criar condições para o sucesso, nomeadamente através dos horários. O presidente do executivo confessa que muitos docentes queixam-se, mas "os horários têm de ser feitos a pensar nos alunos". Por isso, procura-se que os estudantes estejam só o tempo que é necessário na escola. As horas estão todas concentradas de manhã ou de tarde, de maneira a que os jovens não tenham de ir à escola no resto do dia. "Para terem tempo para estudar", mas também para fazerem outras actividades, mesmo que essas passem por ter explicações, que "são um mal geral".

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