Estado criticado por patrocinar situações de
"ilegalidade"
IPSS de Braga acusa Governo de pôr em risco
apoios a tempos livres para 100 mil crianças
As Instituições Particulares de Solidariedade Social
(IPSS) de Braga acusaram hoje o Governo de "pôr em
risco os apoios de tempos livres prestados a 100 mil
crianças" e de "querer lançar proximamente no
desemprego mais de cinco mil pessoas".
Em documento hoje divulgado em conferência de
imprensa, as instituições dizem que, com as mudanças
introduzidas através da chamada "escola a tempo
inteiro", o Estado "fecha os olhos, apoia e até
patrocina" situações de ilegalidade e
clandestinidade no funcionamento de associações de
tempos livres (ATL) dos prolongamentos e em escolas
públicas.
"Se o actual Governo fica muito preocupado quando
uma empresa com 500 trabalhadores está em risco de
encerrar, muito mais preocupado tem de ficar com a
eventualidade de ser ele mesmo a motivar o
despedimento de cinco mil trabalhadores", afirmam os
responsáveis das IPSS no distrito.
As instituições, reunidas ontem em Braga, decidiram
promover junto dos pais uma petição nacional onde se
reivindica, para as famílias, a liberdade de escolha
na colocação dos seus filhos nos espaços destinados
ao enriquecimento curricular.
No documento hoje entregue aos jornalistas, a União
das Instituições Particulares de Solidariedade
Social (UDIPSS) exige o respeito pelas regras de
qualidade por parte de todas as instituições que
ofereçam tais serviços. "O que se passa é que o
enriquecimento curricular está a ser mais
empobrecimento", afirma-se, sublinhando que tal
acontece com estruturas que funcionam "em quase
todos" os estabelecimentos escolares do 1º ciclo do
ensino básico.
Os organismos de solidariedade social criticam as
consequências das decisões políticas do Ministério
da Educação mas também a "complacência" do
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.
As instituições que possuem ATL aprovaram um plano
de acção para a defesa daquelas valências que passa,
nomeadamente, por uma agressiva campanha
publicitária chamando a atenção dos pais para os
perigos que os filhos correm quando frequentam "os
prolongamentos clandestinos e ATL ilegais". "O
modelo único que decorre do enriquecimento
curricular implantado nas escolas de 1º ciclo mais
não é do que a nacionalização dos tempos livres das
crianças feita pelo ministério e que não existe em
mais nenhum país europeu", acusam. Defendem, por
isso, o princípio de que as crianças e as famílias
devem poder escolher as actividades que preferem, de
acordo com os seus gostos e interesses.