Público Última Hora - 18 Out 07

Estado criticado por patrocinar situações de "ilegalidade"

IPSS de Braga acusa Governo de pôr em risco apoios a tempos livres para 100 mil crianças

As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) de Braga acusaram hoje o Governo de "pôr em risco os apoios de tempos livres prestados a 100 mil crianças" e de "querer lançar proximamente no desemprego mais de cinco mil pessoas".

Em documento hoje divulgado em conferência de imprensa, as instituições dizem que, com as mudanças introduzidas através da chamada "escola a tempo inteiro", o Estado "fecha os olhos, apoia e até patrocina" situações de ilegalidade e clandestinidade no funcionamento de associações de tempos livres (ATL) dos prolongamentos e em escolas públicas.

"Se o actual Governo fica muito preocupado quando uma empresa com 500 trabalhadores está em risco de encerrar, muito mais preocupado tem de ficar com a eventualidade de ser ele mesmo a motivar o despedimento de cinco mil trabalhadores", afirmam os responsáveis das IPSS no distrito.

As instituições, reunidas ontem em Braga, decidiram promover junto dos pais uma petição nacional onde se reivindica, para as famílias, a liberdade de escolha na colocação dos seus filhos nos espaços destinados ao enriquecimento curricular.

No documento hoje entregue aos jornalistas, a União das Instituições Particulares de Solidariedade Social (UDIPSS) exige o respeito pelas regras de qualidade por parte de todas as instituições que ofereçam tais serviços. "O que se passa é que o enriquecimento curricular está a ser mais empobrecimento", afirma-se, sublinhando que tal acontece com estruturas que funcionam "em quase todos" os estabelecimentos escolares do 1º ciclo do ensino básico.

Os organismos de solidariedade social criticam as consequências das decisões políticas do Ministério da Educação mas também a "complacência" do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

As instituições que possuem ATL aprovaram um plano de acção para a defesa daquelas valências que passa, nomeadamente, por uma agressiva campanha publicitária chamando a atenção dos pais para os perigos que os filhos correm quando frequentam "os prolongamentos clandestinos e ATL ilegais". "O modelo único que decorre do enriquecimento curricular implantado nas escolas de 1º ciclo mais não é do que a nacionalização dos tempos livres das crianças feita pelo ministério e que não existe em mais nenhum país europeu", acusam. Defendem, por isso, o princípio de que as crianças e as famílias devem poder escolher as actividades que preferem, de acordo com os seus gostos e interesses.

Lusa