Público - 19 Out 06

Escolas profissionais querem dar aulas a adultos

Bárbara Wong

 

Aumentar a oferta a novos públicos permitirá alargar incidência do ensino profissional, que só cativa dez por cento dos alunos

 

As escolas profissionais querem alargar a sua oferta ao público adulto através da criação de novos cursos. Algumas escolas já começaram a fazê-lo, informa José Luís Presa, presidente da Associação Nacional do Ensino Profissional (Anespo). Hoje e amanhã, mais de uma centena de escolas vão reflectir sobre "projectos de qualidade", durante o quarto congresso deste organismo, na Terceira, Açores.
"O país está muito atrasado em termos de formação profissional. É preciso dar um salto qualitativo e quantitativo", defende o presidente da Anespo. Para isso, é preciso aumentar a oferta a novos públicos. A aposta deve ser feita na formação contínua de adultos. Algumas escolas já têm em funcionamento centros de certificação e revalidação das competências, mas "é preciso desmultiplicar".
Quanto ao secundário, apesar de o Ministério da Educação estar a investir no ensino técnico nas escolas secundárias públicas, onde foram criados mais de uma centena de novas formações, a Anespo não está preocupada com a possibilidade de haver duplicação de oferta. No entanto, é necessário fazer um estudo a nível nacional para analisar as necessidades do país, adianta o responsável.
Actualmente, apenas dez por cento dos alunos optam pelo ensino profissional, uma média muito aquém do resto da Europa (50 por cento). Na Alemanha e no Norte da Europa estas escolas chegam a acolher 80 por cento dos jovens, revela José Luís Presa. É preciso que os serviços de orientação profissional das escolas públicas trabalhem melhor, de maneira a aconselhar os alunos a fazer a opção pelo ensino profissional, continua.
A Anespo tem "expectativas" de que haja um aumento do financiamento no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, que regula os fundos comunitários, uma vez que uma das prioridades, definidas pelo Governo, é a qualificação dos portugueses.