Público
- 09 Out 06
Escolas ganham competências que eram das
direcções regionais de Educação
Andreia sanches
Despachos delegam vários poderes nos
estabelecimentos de ensino; ministra convida hoje 24
a apresentar propostas de contratos
de autonomia
As direcções regionais de
Educação vão delegar nos presidentes dos conselhos
executivos e nos directores de agrupamentos de
estabelecimentos de ensino uma série de competências
que até agora estavam nas suas mãos. Por exemplo: as
escolas passam a ter capacidade de decisão sobre a
concessão de apoios aos alunos no âmbito da acção
social escolar.
"Até agora já eram as escolas que analisavam os
processos, mas depois havia uma segunda análise
feita pela direcção regional", explica o Secretário
de Estado da Educação, Valter Lemos. Quando os
despachos de delegações de competências - que serão
assinados, entre hoje e amanhã - forem publicados,
passam a ser as escolas a decidir. "Até porque elas,
melhor do que ninguém, conhecem as situações" dos
estudantes. "Neste caso, há um acréscimo de
responsabilidade, mas aprofundar a autonomia das
escolas é também isso: mais responsabilidade".
Já em Março, recorda Valter Lemos, uma primeira
lista de competências tinha passado para a esfera de
decisão das escolas. Então, tal como agora, estavam
em causa procedimentos que em muitos casos já
chegaram a ser da competência do ministro da
Educação, passaram para os secretários de Estado e
destes para as direcções regionais - por exemplo,
até ao ano lectivo passado, uma escola que queria
mudar um aluno de turma tinha de pedir autorização
superior.
Nos últimos meses, "foram identificadas" outras
áreas onde era possível simplificar processos,
"ganhar mais eficácia administrativa, diminuir a
burocracia", continua o secretário de Estado. Outro
exemplo: a homologação dos contratos dos
professores.
Até agora um docente era colocado, a escola
preparava o contrato e pedia depois à direcção
regional de Educação para homologar. Era, nas
palavras do governante, um procedimento que "não
servia para nada".
Os despachos que agora serão assinados pelas
direcções regionais delegam competências, "sem
possibilidade de subdelegação, nos presidentes dos
conselhos executivos, das comissões executivas
instaladoras, das comissões instaladoras e das
comissões provisórias e nos directores de
estabelecimentos de educação e ensino não superior e
de agrupamentos de escolas". E permitem também que
as escolas passem a homologar contratos de prestação
de serviço docente.
Nenhum dos actos delegados implica despesas
acrescidas, sublinha Ramos André, adjunto da
ministra da Educação.
Ministério convida 24 escolas
a apresentar contratos
"A orientação política que assumimos é a de centrar
mais nas escolas a gestão do sistema educativo",
continua Valter Lemos. E isso passa por medidas como
estas, mas não só. "Outras têm a ver com a avaliação
das escolas e com os contratos de autonomia."
Hoje, no Conselho Nacional de Educação, em Lisboa,
são divulgados os resultados da avaliação externa
feita por uma comissão nomeada pelo Governo a 24
escolas envolvidas num projecto-piloto que tem em
vista a concessão de contratos de autonomia. A
ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues,
estará presente. E explicará os passos que se
seguem.
As 24 escolas - que têm em comum o facto de terem "rotinados"
processos de auto-avaliação, fundamentais para que
saibam quais os problemas que têm e como resolvê-los
- serão agora convidadas a apresentar uma proposta
de termos dos contratos de autonomia que se propõem
assinar com a tutela.
Estes contratos devem traduzir os pontos fortes e
fracos que, em cada uma delas, foram identificados e
as soluções que consideram poder pôr em prática ao
logo da duração do contrato, que será pluri-anual. O
ministério analisará as propostas.
Os contratos de autonomia - previstos na lei há
vários anos, apesar de só um estabelecimento de
ensino ter chegado a assinar um - explicitarão os
meios, nomeadamente financeiros, que as escolas
terão à sua disposição para atingir os objectivos.
Vão também definir a forma através da qual as
escolas prestam contas do que fizeram.
Ainda este ano, mais estabelecimentos serão
envolvidos no processo de avaliação externa. Uma
coisa é certa: a celebração de mais contratos de
autonomia será sempre um processo gradual, sublinha
Valter Lemos, a par da avaliação das escolas.