Portugal Diário - 08 Out 06
Atentos aos indícios de suicídio
Dia Mundial da Saúde Mental é assinalado na próxima
terça-feira
A psiquiatra Luísa
Figueira alertou para a necessidade das pessoas
estarem atentas aos indícios de suicídio, embora
reconheça que este pode acontecer, mesmo quando a
pessoa está a ser seguida clinicamente, escreve a
agência Lusa.
A directora do serviço de
psiquiatra do Hospital de Santa Maria, em Lisboa,
resumia desta forma a mensagem que os profissionais
de saúde que trabalham o suicídio querem divulgar no
Dia Mundial da Saúde Mental, terça-feira.
Este ano, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) escolheu o suicídio como tema central
da efeméride, destacando-o como a causa de muitas
mortes prematuras e evitáveis.
«Sensibilizar e reduzir os
riscos: a doença mental e o suicídio» é o mote da
OMS, corroborado por Luísa Figueira, para quem o
suicídio nos jovens é «uma importante causa de
morte, nomeadamente junto de uma população muito
jovem e activa».
Segundo a especialista, muitas
vezes os suicidas dão indícios de que não são
atendidos por quem está à sua volta, ao contrário do
que é desejável.
De acordo com a Sociedade
Portuguesa de Suicidologia (SPS), «é frequente as
pessoas com comportamentos suicidários darem sinais
de alarme, consciente ou inconscientemente».
Entre os sinais de alarme mais
frequentes contam-se o afastamento dos amigos e da
família, a depressão, perda de auto-estima,
isolamento ou desesperança (sensação de nada valer a
pena).
Contudo, algumas pessoas podem
não mostrar sinais e ainda assim terem ideias de
suicídio.
Luísa Figueira lembra, a
propósito, que o suicídio pode mesmo acontecer em
pessoas que estão a ser clinicamente seguidas e,
aparentemente, orientadas para o caminho oposto ao
suicídio.
De acordo com o perfil desenhado
pela SPS, em Portugal o suicida é homem, vive na
Grande Lisboa, Alentejo ou Algarve, tem mais de 50
anos, é desempregado ou reformado, separado,
divorciado ou viúvo, socialmente isolado, sem
práticas religiosas, deprimido e com múltiplos
problemas afectivos.
Trata-se de um indivíduo com
múltiplos problemas económicos ou de saúde física ou
mental, incluindo alcoolismo e distúrbio da
personalidade, com ideias prévias de suicídio ou
mesmo tentativa de suicídio anterior acompanhada de
avisos subtis ou explícitos, que põe termo à vida
por enforcamento, arma de fogo, pesticidas,
precipitação, afogamento ou trucidação.
Segundo Luísa Figueira, os
«métodos» de suicídio variam consoante o seu meio. O
enforcamento e a ingestão de raticidas são mais
comuns nos meios rurais e o lançamento da janela ou
a ingestão de medicamentos mais frequentes nas
cidades.
Dados do Alto Comissariado da
Saúde indicam que, em 2003, Portugal apresentava 7,6
suicídios por 100 mil habitantes, mais 2,6 por 100
mil habitantes do que em 2001.