Diário de Notícias - 29 Out 04
ensino básico
Exames do 9.ºO ano avançam contra
a vontade de pais e professores
joão pedro oliveira
Os exames nacionais do 9.º ano vão mesmo
estrear-se este ano lectivo a Matemática e Língua Portuguesa apesar
dos apelos das associações de pais e professores para que o novo
modelo de avaliação apenas entrasse em vigor em 2005/2006. A decisão
consta de um despacho que está a ser preparado pelo secretário de
Estado da Educação, no qual se estabelece que as novas provas terão
um peso de 30% na nota final dos alunos nestas duas disciplinas.
De acordo com um resumo do texto final a que o DN teve acesso, os
dois exames, que pela primeira vez vão sujeitar os jovens finalistas
do 3.ºciclo do ensino básico a uma avaliação externa às escolas,
«vão incidir fundamentalmente sobre as aprendizagens e competências
do 9.º ano». O secretário de Estado Diogo Feio dá assim resposta a
duas dúvidas essenciais que docentes, escolas e pais vinham
levantando sobre o novo figurino de avaliação: qual o peso dos
exames e qual as matérias sobre as quais vão incidir, uma vez que
estava em aberto a hipótese de abranger todo o currículo do 3.º
ciclo do básico, incluindo o 7.º e 8.º anos. Ontem, no Parlamento, a
ministra Maria do Carmo Seabra prometeu colocar de imediato à
disposição das escolas o regulamento dos novos exames.
De resto, a tutela garante que o novo despacho vem «contemplar
situações que se encontravam dispersas em vários diplomas legais e
outras que não se encontravam regulamentadas, tais como os exames
nacionais do 2.º e 3.º ciclos - antigos "exames de equivalência à
frequência" -, os apoios educativos e a certificação».
oposição de pais e
professores. Com esta decisão, a tutela enfrenta agora a
oposição de pais e sindicatos, que, perante os atrasos na
clarificação do novo modelo de exames e todos os problemas que se
colocaram ao arranque do novo ano lectivo, pediam o adiamento da
estreia dos exames nacionais para 2006. Numa deliberação divulgada
na última semana, o Secretariado Inter-Associações de Professores (SIAP)
anuncia que decidiu «propor a suspensão dos exames de Matemática e
Língua Portuguesa». O documento reuniu o consenso das associações de
professores de doze disciplinas, entre as quais as duas que serão
objecto das novas provas nacionais.
Nessa deliberação, os professores lembram que, tal como está
estabelecido por lei (Despacho Normativo 30/2001), «as escolas estão
obrigadas a garantir a divulgação dos seus critérios de avaliação,
no início de cada ano lectivo, junto dos alunos e encarregados de
educação». Daí, conclui-se, «não sabem os alunos que iniciaram o 9.º
ano e de que forma o vão terminar».
Também a Confederação das Associações de Pais (Confap) critica esta
decisão, que considera «injusta e violadora do princípio da
equidade». Isto porque, explica ao DN Albino Almeida, presidente
desta estrutura, «os alunos do ensino privado e os escassos do
ensino público que iniciaram as aulas na data prevista estão numa
situação de inaceitável vantagem sobre os restantes».
Além disso, sustenta,«todos sabemos da pressão que as situações de
exame colocam sobre os nossos filhos e é impensável que se prepare
este processo de forma apressada». Isso mesmo, garante, será
transmitido à ministra da Educação numa reunião agendada para esta
tarde.
Em resposta, fonte do gabinete de Maria do Carmo Seabra lembrou que
«o ministério lançou já um programa de apoio às escolas cujos alunos
revelam maiores dificuldades». Em concreto, fala dos grupos
especiais criados para estudar soluções com as escolas que
registaram piores resultados em 2004 e que «vão ter uma especial
atenção ao caso dos alunos do 9.º ano.
 |