Diário de Notícias - 29 Out 04
Mais Português e Matemática
Ministra da Educação anunciou
aumento da carga horária já para o próximo ano lectivo
martim silva
A ministra da Educação, Maria do Carmo Seabra, anunciou ontem na
Assembleia da República a intenção de aumentar a carga horária
destinada às disciplinas de Português e Matemática já para o ano
lectivo de 2005/2006.
O anúncio foi feito durante a discussão do Orçamento do Estado para
a área da Educação no próximo ano, na respectiva Comissão
Parlamentar. Na reunião, a responsável governamental envolveu-se
numa acesa disputa com os deputados da oposição a propósito da
eterna equação: os problemas da educação resolvem-se ou não com mais
dinheiro?
Foi quando se debateu o flagelo do abandono e insucesso escolares em
Portugal, tema levantado pelo deputado do PCP Bernardino Soares, que
a ministra revelou as novidades. O líder parlamentar comunista disse
que o «combate ao insucesso escolar só se faz com mais dinheiro e
não com a redução do investimento financeiro no secundário».
No mesmo sentido, Ana Benavente, do PS, afirmou ser este «um
orçamento de ficção». João Teixeira Lopes, do BE, falou «no novo
milagre das rosas» e que este orçamento revela «uma total falta de
ousadia, revela resignação e conformismo».
Maria do Carmo Seabra disse que já para o ano (2005/2006) vai ser
«aumentada a carga horária de português e matemática», no 1.º ciclo
do ensino básico - da primeira à quarta classe. Depois, estão a ser
«estudadas as consequências orçamentais» do alargamento dessa medida
para «o 2.º ciclo» - o antigo preparatório. «O objectivo é alargar a
medida até ao 9.º ano, mas pelo menos até ao 6.º que será
certamente» aplicada, acrescentou a ministra da Educação.
Mas foi a questão do dinheiro a dominar. A ministra afirmou que «o
orçamento é suficiente para a melhoria do sistema educativo» e
recusou a tese de que os problemas se resolvem atirando-lhes mais
dinheiro para cima.
Mas a oposição não embarcou nesta ideia. De todo.
«Há uma quebra de 70 por cento face ao plano de investimentos da
Administração Pública de 2002», último orçamento do PS, rebateu a
socialista Cristina Granado. Bernardino Soares falou numa
«diminuição do peso da educação no Orçamento do Estado».«É
deplorável que a ministra diga que o orçamento é suficiente»,
acrescentou Teixeira Lopes, realçando que a Saúde e a Educação são
os sectores mais afectados neste OE para 2005.
A questão terminou com a ministra da Educação, uma vez mais, a dizer
que «gastar mais nem sempre é gastar melhor».
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