Diário de Notícias - 26 Out 04
Emprego e crianças
A idade dos filhos vai deixar de ser condição
para que os beneficiários do subsídio de desemprego possam recusar
um trabalho até 40 quilómetros da sua residência. Trata-se de uma
alteração sugerida pelo novo ministro da Segurança Social, Fernando
Negrão, ao anterior projecto de diploma legal sobre o subsídio de
desemprego. O projecto-base, elaborado por Bagão Félix, previa a
recusa de oferta de emprego a mais de 20 quilómetros da residência
apenas para quem tivesse três ou mais filhos com idades até 16 anos
ou até 24, nos casos em que recebesse abono de família.
A notícia do projecto de diploma, a apreciar em breve em Conselho de
Ministros, surge no mesmo dia em que a OCDE anuncia a apresentação
em Lisboa, no próximo dia 28, de um pacote de recomendações
destinadas ao tratamento social e fiscal dos pais trabalhadores com
baixos rendimentos. A OCDE refere que duas em cada três mulheres
portuguesas trabalham fora, a esmagadora maioria das quais (85%) a
tempo integral. O que considera um obstáculo à possibilidade de
dedicarem mais tempo às crianças e coarctando a hipótese de
constituírem famílias maiores. A OCDE recorda que a taxa de
fertilidade em Portugal é baixa, representando 1,5 crianças por
mulher.
A OCDE aconselha as autoridades nacionais a melhorarem e aumentarem
as formas de apoio à infância, bem como os locais de trabalho com
condições de apoio à família, através da concessão de benefícios às
empresas que adiram a essas recomendações. Também advoga o aumento
do número de empregos a tempo parcial para as mães trabalhadoras.
O tratamento fiscal diferenciado para as famílias com filhos faz
igualmente parte dos conselhos agora apresentados pela OCDE para
aumentar a fertilidade. Em suma, a organização recomenda um maior
investimento do Governo na família, num momento em que cada vez mais
se coloca a escolha entre emprego e crianças.
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