As crianças, vítimas das separações
Na Suécia realizou-se um amplo estudo epidemilógico, publicado
recentemente na conceituada revista médica The Lancet (25.01.03), no qual
concluem que os filhos dos lares monoparentais - cada vez mais frequentes
no mundo ocidental - têm mais riscos de sofrerem problemas psiquiátricos e
adições do que aqueles que passam a infância e a adolescência em famílias
unidas.
O estudo realizou-se com dados de quase um milhão de rapazes e raparigas -
65.000 filhos de pais separados e 921.000 de famílias unidas - ao longo de
dez anos. Recorreram a dados de clínicas e hospitais, e não a inquéritos,
pelo que se considera um estudo muito bem realizado. Nele conclui-se que o
número de doenças psiquiátricas se multiplica por 2,1 nas raparigas e 2,5
nos rapazes, filhos de pais separados, em relação à sua frequência em
famílias unidas. Este números multiplicam-se por 2 para as raparigas e 2,3
para os rapazes em relação às tentativas de suicídio, também comparadas
com as de filhos de famílias não dissolvidas. Mas é no uso do álcool e,
sobretudo, nas drogas que a frequência se torna muito mais significativa:
é 3,2 vezes maior nas raparigas e 4 nos rapazes, filhos de pais separados,
do que entre as famílias unidas.
Perante estes resultados, os investigadores suecos discordam dos autores
que consideram como circunstanciais e de consequências passageiras as
alterações de conduta e emocionais dos filhos do divórcio. Os seus dados,
dizem, casam melhor com as investigações, mais recentes, que detectam já
transtornos a mais longo prazo.
Também não interpretam que estas consequências se devam só à falta de
recursos, já que na Suécia só 10% das mulheres separadas estão na taxa da
pobreza. Pelo contrário, pensam que a escassa dedicação de tempo e a falta
do modelo paterno - sobretudo nos rapazes - são mais determinantes.
Em Piensa un Poco, 16.07.03 - Por Angel Garcia Prieto, Psiquiatra.
Tradução, para a Aldeia, de Manuel Martinez |