Portugal tem a mais baixa taxa de
natalidade da UE
Céu Neves
A natalidade continua a baixar,
situando-se agora em 1,36 crianças por mulher em
idade fértil. Mas as cidades também não estão feitas
a pensar nos menores e os pais não são apoiados,
denunciam os peritos. A boa notícia é que a taxa de
mortalidade infantil têm vindo a diminuir, sendo de
3,5 óbitos por mil nados-vivos. Números que se
recordam a propósito do Dia Universal da Criança,
amanhã, que celebra os 18 anos da Convenção dos
Direitos da Criança.
Os portugueses, tal como acontece
nos outros países europeus, têm vindo a retardar a
natalidade e a diminuir o número de filhos. A taxa
de natalidade passou de 28% em 1935 para 10% em
2006. Ou seja, praticamente três vezes menos, o que
significa que não está a ser feita a renovação de
gerações, o que só é possível com 2,1 crianças por
mulher.
Para Mariano Ayala, médico de saúde
pública do Hospital de Faro, uma média de 1,36
filhos por mulher em idade fértil é "sintoma de uma
sociedade doente", considerando que "a sociedade
portuguesa um comportamento suicida generalizado".
Mariano Ayala justifica a quebra de
natalidade com a falta de apoio para os pais e
crianças. E a consequência é que "Portugal, com os
portugueses de hoje, vai ter tendência a
desaparecer", disse à agência Lusa.
Os estudos demonstram que as
mulheres retardam a natalidade até conseguirem
estabilidade profissional. E, se em 1987, tinham os
filhos antes dos 30 anos, nove anos depois, é no
grupo dos 30 aos 34 anos que se verificam a maioria
dos nascimentos. O primeiro filho deixou de surgir
aos 26,8 anos para passar a ser aos 29,9.
Cidades inimigas
Elsa Rocha, da Associação para a
Promoção da Segurança Infanil (APSI) aponta uma
outra justificação para a quebra de natalidade e que
tem a ver com a falta de espaços apropriados. "As
cidades não são feitas a pensar nas crianças e, por
isso, cada vez se vêem menos", disse à Lusa.
Aquela pediatra entende que há
poucos ambientes seguros para os mais novos e a
prova é o número de mortes entre a população
infantil. Este ano já morreram oito crianças
afogadas e 11 atropeladas e pelo menos 11 caíram de
edifícios. A APSI estima que 75% dos acidentes
poderiam ser evitados e, amanhã, vai exigir do
Governo medidas para reduzir a mortalidade infantil
e as incapacidades provocadas pelos acidentes.
Portugal tem uma das menores taxas
de mortalidade infantil mundiais, 3,3 óbitos por
cada mil nascimentos em 2006. E passa para sete por
mil entre os menores de cinco anos (2005).