Estudo alerta para falta de informação sobre
pílula abortiva
Bárbara Wong
Impacto do aborto na saúde das mulheres é tema de
encontro de médicos e psiquiatras, promovido por
associação pró-vida
Tomar a pílula abortiva RU486 tem várias
contra-indicações que não são explicadas às mulheres
que optam por fazer um aborto. Esta pílula pode
matar, alerta Margarida Castel-Branco,
farmacologista e professora na Faculdade de Farmácia
da Universidade de Coimbra, que recorda o caso de
uma jovem sueca que, em 2003, morreu com uma
hemorrogia interna, depois de ter tomado a pílula
abortiva no hospital.
Margarida Castel-Branco faz parte de um grupo de
médicos e psiquiatras portugueses, britânicos e
norte--americanos que participam hoje no I Encontro
de Estudos Médicos sobre a Vida Humana, em Lisboa. A
iniciativa é promovida pela Associação Mulheres em
Acção, que esteve envolvida na campanha contra a
legalização do aborto em Portugal.
Apesar de a Direcção-Geral de Saúde (DGS) explicar
as vantagens e desvantagens deste método, e dessa
informação ser dada às mulheres, Margarida
Castel-Branco diz que esses dados não são
suficientes, porque não referem todas as contra--indicações.
Também a organização Juntos pela Vida fez uma
denúncia contra a DGS, no início do mês, no
Parlamento, acusando-a de "omitir informação
actualizada e relevante para efeitos do
consentimento informado da mulher que pretende
abortar". Margarida Castel-Branco compilou
informação que lhe permite afirmar que o aborto
farmacológico provoca infecções que podem matar. No
seu estudo refere cerca de uma dezena de "mulheres
saudáveis", nos EUA, Canadá e França, que terão
morrido por complicações e infecções.
Os efeitos do aborto medicamentoso são: perda de
sangue, entre nove a 45 dias, febre, cansaço, dores,
náuseas, vómitos, diarreia. "É um processo demorado,
com efeitos complicados, para os quais é preciso
vigilância médica", alerta a professora, para quem o
aborto cirúrgico também tem riscos. Estes não se
restringem apenas à saúde física, mas também à
mental. Segundo um outro estudo realizado com mil
norte-americanas, entre 20 e 30 por cento vêm a
sofrer de problemas mentais ou psicológicos depois
de realizarem um aborto.