Público - 08 Nov 07

Estudo alerta para falta de informação sobre pílula abortiva
Bárbara Wong

Impacto do aborto na saúde das mulheres é tema de encontro de médicos e psiquiatras, promovido por associação pró-vida

Tomar a pílula abortiva RU486 tem várias contra-indicações que não são explicadas às mulheres que optam por fazer um aborto. Esta pílula pode matar, alerta Margarida Castel-Branco, farmacologista e professora na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, que recorda o caso de uma jovem sueca que, em 2003, morreu com uma hemorrogia interna, depois de ter tomado a pílula abortiva no hospital.

Margarida Castel-Branco faz parte de um grupo de médicos e psiquiatras portugueses, britânicos e norte--americanos que participam hoje no I Encontro de Estudos Médicos sobre a Vida Humana, em Lisboa. A iniciativa é promovida pela Associação Mulheres em Acção, que esteve envolvida na campanha contra a legalização do aborto em Portugal.

Apesar de a Direcção-Geral de Saúde (DGS) explicar as vantagens e desvantagens deste método, e dessa informação ser dada às mulheres, Margarida Castel-Branco diz que esses dados não são suficientes, porque não referem todas as contra--indicações.

Também a organização Juntos pela Vida fez uma denúncia contra a DGS, no início do mês, no Parlamento, acusando-a de "omitir informação actualizada e relevante para efeitos do consentimento informado da mulher que pretende abortar". Margarida Castel-Branco compilou informação que lhe permite afirmar que o aborto farmacológico provoca infecções que podem matar. No seu estudo refere cerca de uma dezena de "mulheres saudáveis", nos EUA, Canadá e França, que terão morrido por complicações e infecções.

Os efeitos do aborto medicamentoso são: perda de sangue, entre nove a 45 dias, febre, cansaço, dores, náuseas, vómitos, diarreia. "É um processo demorado, com efeitos complicados, para os quais é preciso vigilância médica", alerta a professora, para quem o aborto cirúrgico também tem riscos. Estes não se restringem apenas à saúde física, mas também à mental. Segundo um outro estudo realizado com mil norte-americanas, entre 20 e 30 por cento vêm a sofrer de problemas mentais ou psicológicos depois de realizarem um aborto.