Estudo revela que mais de 20 por cento desenvolvem
quadro depressivo
Entre 20 e 30 por cento das mulheres que realizam um
aborto voluntário vêm a sofrer de problemas mentais
ou psicológicos, segundo um estudo realizado em mil
mulheres nos Estados Unidos e que será apresentado
quinta-feira em Lisboa, refere a Lusa.
Ansiedade, tonturas, dificuldades de concentração e
em dormir são os problemas apontados como mais
frequentes.
Segundo o estudo, realizado no início deste ano, das
cerca de 1,3 milhões de mulheres que abortam
anualmente nos Estados Unidos 260 mil revelam
problemas de saúde mental.
As conclusões deste estudo serão analisadas no I
Encontro de Estudos Médicos sobre a Vida Humana, que
decorre quinta-feira em Lisboa e é promovido pela
Associação Mulheres em Acção.
Admitindo que estes dados não podem transpôr-se para
a realidade portuguesa, o psiquatra português Carlos
Ramalheira considerou importante realizar estudos
deste género em Portugal.
«Todos nós [psiquiatras] encontrámos já inúmeros
casos de pessoas que vêm a ter sofrimento devido a
essa sua experiência de vida [aborto induzido]»,
comentou o médico.
O psiquiatra Adriano Vaz Serra subscreve estas
declarações, adiantando que, quando aborta, a mulher
perde um «elo afectivo», o que pode desencadear um
quadro depressivo.
«Tenho observado casos destes. Esta realidade existe
em Portugal, só não temos a dimensão, os dados
quantitativos», afirmou o psiquiatra, que pertenceu
ao movimento «Aborto a pedido? Não» aquando do
referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG)
até às 10 semanas.
O especialista espera que haja a «liberdade e
espírito democrático suficiente» para permitir a
realização destes estudos em Portugal, acompanhando
as mulheres que realizam abortos.
Risco de parto prematuro é duas vezes superior
Outro estudo que será debatido no encontro de
quinta-feira em Lisboa revela que o risco de ter um
parto prematuro é duas vezes maior depois de uma
mulher ter realizado um aborto induzido.
A investigação, feita em 2002 nos Estados Unidos,
mostra ainda que o risco de ter um parto prematuro
aumenta de seis a 12 vezes caso a mulher tiver
praticado dois a três abortos na sua vida.
Neste estudo foram analisados os efeitos do aborto
induzido nas taxas de partos prematuros entre as 24
e as 32 semanas de gravidez.
Nos Estados Unidos, o aborto induzido aumentou a
taxa de prematuros em 31,5 por cento com um custo de
1,2 mil milhões de dólares por ano, segundo dados do
autor do estudo, Bryan Calhoun, do colégio americano
de obstetrícia e ginecologia.