Portugal Diário -
30
Nov 06
Saúde: programa das listas de espera desilude
Portugueses a aguardar cirurgia ultrapassaram os 227
mil em Outubro
O número de portugueses em lista de espera para
uma cirurgia ultrapassou os 227 mil em Outubro, o
que representa uma redução de apenas 12 mil utentes
em relação ao ano passado, revela esta quinta-feira
o «Jornal de Notícias».
De acordo com o jornal, citado pela Lusa, os
dados do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos
para Cirurgia (SIGIC) indicam que o programa criado
pelo Governo para reduzir o tempo médio de espera
para uma cirurgia está longe de alcançar os
objectivos.
«Os indicadores elaborados pelo SIGIC não revelam
muitas alterações nos últimos 12 meses em todas as
regiões» do país, afirma o diário.
O SIGIC foi criado há dois anos com o principal
objectivo de diminuir o tempo médio de espera para
valores clinicamente aceitáveis.
«São 227.143 os portugueses inscritos nas listas
de espera para cirurgia. Num ano - de Outubro de
2005 a Outubro de 2006 - esse número teve uma
redução de 12.138 pessoas».
56 por cento esperam mais de seis meses
Quanto a tempo médio de espera, o jornal indica
que «mais de metade (56,03 por cento) dos utentes do
Serviço Nacional de Saúde continua a aguardar mais
de seis meses pela intervenção cirúrgica».
O diário escreve ainda que dados do SIGIC
relativos a 15 de Outubro passado indicam que o
«tempo médio de espera para uma cirurgia é de 7,10
meses, um valor idêntico ao que se verificava há um
ano».
«Do total de utentes inscritos, 46,05 por cento
(104.592) aguardam até seis meses para a realização
da cirurgia, os restantes esperam entre seis meses e
mais de dois anos (estes últimos representam uma
percentagem de 10,86 do total dos inscritos)»,
acrescenta.
Número de inscritos é «irrelevante»
O presidente da Associação Portuguesa dos
Administradores Hospitalares, Manuel Delgado,
considerou que os números atestam o insucesso do
programa.
Contudo, o responsável alertou para a importância
de se conhecer os índices de gravidade das
patologias que se encontram em lista de espera.
«Não sabemos essa variável, nem sabemos se ela é
tida em conta para a elaboração da inscrição para a
cirurgia. Esse é um dado importante, para avaliar o
sucesso do programa», afirmou.
«Se eu tiver em lista de espera mais varizes, por
exemplo, comparativamente com situações mais
complexas, mais graves, que entretanto foram
resolvidas, então houve algum ganho», defendeu.
O Ministério da Saúde já referiu anteriormente
que o número de inscritos é «irrelevante»,
considerando que importante é o «tempo de espera que
deve ser reduzido».