Público - 22 Nov 06

Conflito entre alunos acaba com agressão a professora em escola de Beja

Carlos Dias

 

Docente teve de receber tratamento hospitalar e aulas estiveram interrompidas durante dois dias até que ficasse garantida a segurança dos professores

 

Uma professora da escola básica do Bairro da Esperança, em Beja, foi sujeita a uma violenta agressão, quando tentava separar dois alunos que brigavam. O ataque, registado na passada sexta-feira, foi levado a cabo por uma familiar de um dos alunos e acabou por obrigar a docente a receber tratamento médico no hospital da cidade.
A agressora saltou por cima de um portão com dois metros de altura - como já aconteceu noutras situações análogas em que gente estranha invade o espaço escolar, afectando, inclusive, o decorrer das aulas - para consumar as ameaças que tinha proferido.
Tanto os professores como o pessoal não docente têm sido sujeitos a todo o tipo de ofensas verbais, nomeadamente promessas de pancada sempre que os miúdos se envolvem em zaragatas no recreio. Domingas Velez, directora da escola, diz que "há pessoas que vigiam da rua o espaço escolar": "Ao mínimo sinal de conflito saltam os muros, forçam a entrada e já houve momentos em que entraram nas salas de aula."
Confrontada com o clima de insegurança que "tem vindo a agravar-se nos últimos meses", a direcção do Agrupamento de Escolas de Santa Maria, onde se enquadra a escola básica do Bairro da Esperança, já reclamou uma maior intervenção das autoridades, frisando que não é a primeira vez que situações destas acontecem.
A agressão de que foi vítima a docente já motivou igualmente reuniões com a Direcção Regional de Educação do Alentejo, o Governador Civil de Beja, a Câmara Municipal de Beja e a Junta de Freguesia de Santa Maria, para que seja garantida maior segurança a docentes, funcionários e alunos.
Domingas Velez queixa-se da necessidade de atribuir a uma auxiliar da acção educativa funções de portaria, para controlar o acesso de estranhos ao interior da escola. Mas esta tarefa não pode ser mantida de forma regular porque a funcionária faz falta no desempenho de outras atribuições. O recurso tem passado por manter o portão fechado, para travar a frequente intromissão de estranhos nas actividades lectivas.
A directora da escola frisa que a principal causa dos conflitos deve ser atribuída ao facto de no Bairro da Esperança existir "gente sem ocupação" que potencia os conflitos.