Governo disponível para rever desigualdades no IRS
Lucília Tiago
O CDS/PP anunciou ontem que vai aproveitar a
discussão na especialidade do Orçamento do Estado
para avançar com um conjunto de propostas que visam
atenuar as desigualdades no tratamento fiscal das
famílias. A ideia foi bem acolhida pelo ministro
Teixeira dos Santos, que mostrou disponibilidade
para a discutir, desde que não se traduza numa perda
de receita fiscal.
Em vez de um coeficiente conjugal, o PP vai defender
a aplicação de um coeficiente familiar que tenha em
conta o número de dependentes. Por outro lado, quer
diminuir a diferença de tratamento que há entre uma
família legalmente constituída e uma outra que, por
estar separada, pode atribuir e deduzir
integralmente as pensões de alimentos. Segundo o
deputado Diogo Feio, um casal com três filhos,
casado, paga o dobro de IRS face a um casal com três
dependentes mas divorciado.
O ministro das Finanças reconheceu a existência
deste tipo de desigualdades fiscais mas acentuou que
a sua eliminação é difícil sem se traduzir em perda
de receita. No entanto, caso as propostas do PP
revelem não ter impacto na receita manifestou
abertura para as acolher. Resposta exactamente
oposta teve a proposta do Bloco de Esquerda, segundo
a qual os bancos deveriam passar a avisar
antecipadamente a Administração Fiscal sobre todas
as operações de planeamento fiscal que abranjam
movimentos de capitais transfronteiriços. Para
Teixeira dos Santos esta proposta é exagerada. "Não
acho que deva haver aqui um 'big brother', o que se
pretende é estar atento às situações de maior
risco", sublinhou o ministro, precisando que o
objectivo é tipificar um conjunto de situações que
são montadas apenas com o intuito de fazer
planeamento fiscal agressivo.
Ouvido ontem na Comissão de Orçamento e Finanças,
Teixeira dos Santos recusou novamente quantificar os
supranumerários, afirmando que a reforma da
Administração Pública não serve para "contar
cabeças". Mas admitiu que implicará um
redimensionamento (redução) do número de
funcionários.