O anunciado aumento das pensões de reforma
para os idosos com mais de 80 anos é
considerado pelo Presidente da República
"uma medida política muito importante".
Ontem, em Freixo de Espada à Cinta, um
município onde mais de um terço da população
residente é pensionista, sendo mesmo mais os
habitantes com idade superior a 75 anos
(573) do que os jovens com menos de 14 anos
(474), Jorge Sampaio afirmou que "aumentar,
por pouco que seja, as pensões daqueles que
têm mais de 80 anos" é bastante
significativo para a melhoria da qualidade
de vida dessas pessoas.
"Achei muito interessante que, no momento
actual, não houvesse todos os dias um
comentário sobre isso", acrescentou. O
Presidente traçou como um dos objectivos das
jornadas sobre envelhecimento e autonomia,
que ontem tiveram o seu programa no distrito
de Bragança e hoje terminam em Lisboa, o
combate "à demagogia". "Estamos fartos de
frases sem conteúdo, de ouvir dizer que tudo
é possível, sem ninguém fazer as mais
pequenas contas", afirmou.
Nas reformas necessárias para melhorar a
qualidade de vida dos mais velhos Sampaio
implicou todos os portugueses: "Temos de ser
realistas, os que podem têm de pagar os seus
impostos e todos nós temos de dar um
contributo sério para que a vida dos mais
velhos possa ser mais feliz e mais digna",
sublinhou.
O problema do envelhecimento da população
preocupa também os autarcas. Em Mogadouro, o
presidente da câmara, Morais Machado,
enumerou uma série de iniciativas
desenvolvidas pela autarquia para tentar
dinamizar e "dar mais sentido" à vida dos
anciãos, mas o próprio edil reconhece que é
pouco. "Os nossos idosos viveram do seu
labor, trabalharam para que os seu filhos
pudessem estudar e, no fim, o labor
principal fugiu-lhes. Levaram-lhe os filhos
porque não há cá emprego", declarou,
considerando que a falta de desenvolvimento
da região, a ausência de oportunidades de
trabalho levam os mais jovens a fugir do
interior do país, ficando para trás os mais
velhos, "muitas vezes abandonados".
Sampaio percorreu, num só dia, mais de 300
quilómetros para poder visitar três
concelhos e compreendeu "a importância" das
vias de comunicação que ainda faltam neste
distrito transmontano. Já no concelho de
Miranda do Douro o chefe de Estado ouviu, em
mirandês, os lamentos do presidente da
câmara, que mais uma vez denunciou que os
doentes da região que necessitam de
intervenção hospitalar têm de utilizar
estradas espanholas para chegar ao hospital
da capital de distrito.