Um dos objectivos de Mariano Gago é
desenvolver um sistema nacional de
acreditação
Uma avaliação global ao
sistema de ensino superior português, outra
aos métodos de avaliação e acreditação que
têm sido desenvolvidos nos últimos anos e,
finalmente, o apoio financeiro às
universidades e politécnicos, públicos e
privados que voluntariamente se submetam a
uma avaliação internacional - a
obrigatoriedade virá mais tarde. São estas
as três grandes determinações de um despacho
que hoje será divulgado pelo ministro da
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em
Lisboa.
Na apresentação do documento estarão o
primeiro-ministro e membros das diferentes
organizações internacionais a quem foi
pedido para participar a diferentes níveis.
Um dos objectivos finais do processo é "o
desenvolvimento de um sistema nacional para
a acreditação do ensino superior em
consonância com as melhores práticas
mundiais".
A Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE) fará, tal
como já tinha sido anunciado, a avaliação do
desempenho do sistema do ensino superior
português - e das políticas para o sector -
comparando-o com o de outros países.
O Governo conta valer-se dos resultados para
tomar decisões em relação à "reforma do
sistema". Em 2008 a avaliação será revista.
A ideia é "garantir uma análise periódica".
Quais as necessidades de investimento? Como
se reforçam as oportunidades de emprego para
licenciados? Como é que se abre o sistema a
novos públicos? Qual o papel do Governo? São
apenas algumas das perguntas para as quais a
OCDE procurará respostas. Os especialistas
apontarão pontos fortes e fracos, analisarão
o tipo e a dimensão das instituições de
ensino que existem, debruçar-se-ão sobre
como são reguladas e avaliadas e dirão o que
pode ser feito para "reorganizar e
racionalizar".
A tutela, explica o despacho de Mariano
Gago, quer assim garantir que o ensino
superior nacional está integrado a nível
europeu, nomeadamente no que diz respeito à
qualidade do mesmo e à empregabilidade dos
licenciados. Recorde-se que a legislação
portuguesa contempla, desde 1994, a
realização de uma avaliação global do ensino
superior, mas esta nunca foi feita.
Uma outra entidade - a Rede Europeia para a
Garantia da Qualidade no Ensino Superior (ENQA)
- nomeará uma equipa de avaliadores
internacionais que terá como missão apreciar
as práticas de acreditação (do ensino e
profissional) que existem, bem como as
actividades e procedimentos das entidades
que são responsáveis em Portugal pela
avaliação dos cursos. As recomendações serão
usadas para "o estabelecimento do sistema
nacional de acreditação".
A par destes processos, o Governo lança "um
processo voluntário de avaliação
institucional", de âmbito plurianual. A
ideia é que as instituições de ensino
requeiram uma avaliação internacional,
conduzida pela Associação Europeia das
Universidades (AEU) - que já avaliou algumas
universidades portuguesas - em colaboração
com a Associação Europeia de Instituições de
Ensino Superior. Peritos provenientes de
sistemas de ensino não europeus,
nomeadamente dos EUA, serão incluídos e
contactarão estudantes, professores, não
docentes, sindicatos, empresas.
Universidades e politécnicos poderão
concorrer a um concurso público de forma a
obter apoio do Estado para suportar os
custos deste exame, que incidirá, por
exemplo, nos mecanismos de governação, nos
recursos financeiros, na capacidade das
escolas para se adaptarem à mudança e no
"tipo e relevância dos diplomas
disponíveis".
Também a AEU apontará pontos fortes e fracos
e dará sugestões às escolas para melhorar.