Público - 12 Nov 05
Editoras dizem que Governo "criou mau clima para
negociar"
Manuel Ferrão, da União dos Editores Portugueses (UEP) e presidente da Texto
Editora, ficou surpreendido com o facto de o anteprojecto de diploma relativo
aos manuais escolares ter sido apresentado sem que antes tenha chegado à UEP,
"ao contrário do que tinha sido prometido". Ferrão entende que "pretende-se
criar uma situação de facto consumado" e "afrontar as editoras", tendo a tutela
gerado, com este gesto "arrogante", um "mau clima para a negociação". Apesar de
não conhecer o diploma, pelo que as suas opiniões estão "sob reserva", Ferrão
adianta que o alargamento proposto do prazo de vigência dos manuais escolares
para seis anos é insustentável para as editoras, "que vão passar a ter anos em
que estão simplesmente paradas". Para além de que "os conteúdos se
desactualizam". Com esta medida, "o Governo quer acabar com as editoras",
resume, defendendo ainda que é preciso "compatibilizar a duração dos livros com
as necessidades empresariais". Sobre a certificação prévia dos manuais, entende
tratar-se de "um disparate". "Vão ser criadas comissões e comissões que vão
pronunciar-se sobre os manuais, que terão um poder brutal, vai ser gasto imenso
dinheiro e está aberta a maior área de corrupção em Portugal. Há muitas maneiras
de fazer avaliação e esta é a pior". A comissão escolar da Associação Portuguesa
de Editores e Livreiros, em que está filiada a Porto Editora, fez saber que não
faz comentários até ter conhecimento oficial do diploma.
Pais satisfeitos
com intenções da tutela
O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Albino Almeida,
considerou positivo que os manuais escolares passem a ser gratuitos para os
alunos mais carenciados até 2009. Mais: a proposta do Ministério da Educação
"vai ao encontro do que a associação sempre defendeu, de uma escola inclusiva,
que não exclui os que mais precisam". E acrescentou, citado pela Lusa:
"Esperamos dar o nosso contributo para este anteprojecto, mas no essencial as
intenções da proposta contemplam as nossas preocupações".