Diário de Notícias - 7 Nov 05

Roubos a alunos visam roupa de marca e MP3

daniel lam

 

valores. Alunos de classes sociais mais elevadas são as vítimas mais procuradas pelos delinquentes

 

Leitores portáteis de CD e de MP3 e roupas de marca - blusões, bonés, T-shirts e até ténis - são agora os artigos preferidos para quem se dedica a assaltar alunos nas imediações das escolas. Fora de moda está a ficar o roubo de telemóveis e carteiras com dinheiro, que tem registado decréscimos. Segundo dados recolhidos pelo DN junto da PSP, no ano lectivo anterior a criminalidade na área escolar baixou 11% em relação a 2003/04.

De acordo com o subintendente Luís Elias, chefe da Divisão de Prevenção da Criminalidade e Delinquência da PSP, "também tem decrescido bastante o roubo de carteiras com dinheiro, porque os alu- nos passaram a utilizar cada vez mais o cartão porta-moedas recarregável, que permite pagar muitas despesas nas cantinas e papelarias das escolas. Os delinquentes têm desistido de roubar carteiras porque não contêm dinheiro ".

Desde o ano lectivo 2001/02, em que a PSP registou 2818 ocorrências de crime nas zonas escolares (no interior e exterior dos estabelecimentos de ensino), a situação tem-se mantido estável. Aumentou em 2003/04 para 2831 casos e reduziu para 2518 no ano seguinte, o que representa um decréscimo de 11%.

Para esta "evolução positiva tem contribuído o programa Escola Segura da PSP, que abrange todas as escolas da sua área de intervenção, num total de 2850 escolas desde o primeiro ciclo até ao 12.º ano e mais de 900 mil alunos", diz Luís Elias. Considera que "as acções de sensibilização sobre autoprotecção também têm levado os alunos a ter mais cuidado, e a polícia tem sido mais pró-activa, realizando mais operações nas escolas".

Mesmo assim, e apesar do número de agentes que policiam as instituições de ensino ter aumentado de 290 para 320 (entre 2002 e 2005), no último ano lectivo ainda se registaram 2518 ocorrências de crime, a maioria (903 casos) na Área Metropolitana de Lisboa, seguindo-se a Área Metropolitana do Porto, Setúbal e o arquipélago da Madeira. Entre os crimes denunciados em 2004/5, a maior parte refere-se a furtos e roubos 1287 casos.

ofensas sexuais. "A maioria dos furtos e agressões ocorre entre alunos dentro da escola", refere o subintendente da PSP, enquanto "no exterior registam-se mais casos de ofensas sexuais, desde o simples atentado ao pudor até à violação tentada ou consumada. Em 2004/05 não foi denunciado um único caso de violação na área escolar". Quanto aos casos de tráfico e consumo de droga, verificam-se principalmente nas imediações das escolas situadas perto de bairros degradados.

A mesma fonte policial adianta que "os roubos perto das escolas são principalmente praticados por indivíduos de zonas mais desfavorecidas economicamente, que se deslocam para estabelecimentos de ensino frequentados por alunos de classes sociais mais elevadas".

Na sua opinião, "não há casos de escolas cujos estudantes sejam sistematicamente vítimas de ocorrências criminais, porque esse fenómeno é prontamente travado com a intervenção de mais meios policiais, que podem incluir investigações com agentes à civil e a participação de elementos das brigadas de intervenção rápida".

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