Público - 22 Nov 04
Pedida
Penalização de Políticos por Acidentes
A organização
Estrada Viva reclamou ontem a possibilidade de penalizar técnicos e
políticos pelo crime rodoviário, a co-responsabilização do Instituto
de Estradas de Portugal (INP) e a revisão do segredo de justiça no
âmbito dos acidentes rodoviários.
A propósito do
Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estada, que ontem se celebrou,
a Estrada Viva - Liga Contra o Trauma (que congrega várias
associações e personalidades em torno da mesma causa) apresentou um
caderno reivindicativo com uma série de medidas que pretende ver
aplicadas.
A nível
legislativo, a organização defende a criação de um quadro penal ou
cível de penalização do crime rodoviário, aplicável a técnicos e
políticos que, por omissão ou acção, ponham objectivamente em perigo
a vida dos utentes das estradas. A co-responsabilização do INP, na
medida em que as estruturas viárias e as respectivas sinaléticas
constituem factores adjuvantes de sinistralidade, e a revisão do
segredo de justiça no âmbito destes acidentes são também reclamados
pela Liga Contra o Trauma.
A organização
apresenta algumas reivindicações também ao nível estrutural, como o
reconhecimento da segurança rodoviária como um importante problema
de saúde pública e a importância do sistema de saúde assumir um
papel preponderante na investigação das causas e combate à
sinistralidade.
A revisão do
sistema de emergência pré-hospitalar e a redefinição das práticas de
medicina de emergência, integrando nelas áreas como a da saúde
mental, são igualmente reclamadas pela organização.
Segundo a Liga
contra o Trauma, o Governo deveria criar um organismo autónomo
dedicado exclusivamente à investigação, prevenção e coordenação das
actividades de segurança rodoviária.
Na base da
criação deste caderno reivindicativo estão vários aspectos, como o
facto de Portugal se encontrar no topo das estatísticas
internacionais relativamente ao número de mortos, feridos e
incapacitados por acidentes rodoviários.
A organização
Estrada Viva recorda que "morreram mais pessoas em desastres
rodoviários no século XX do que em todas as guerras em que Portugal
se viu envolvido". De acordo com aquela organização, só nos últimos
30 anos morreram 50 mil pessoas nas estradas portuguesas, 250 mil
ficaram com traumatismos profundos e 300 mil famílias foram
afectadas. Lusa
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