Público - 28 Nov 03
Campanha Apela à Escolha de Condutor com "Zero" por Cento de Álcool
Por SOFIA RODRIGUES
"Sempre que saírem à noite em grupo destaquem um de vocês que não beba
para trazer os outros a casa", desafia Rui Unas, o apresentador de
televisão. O apelo resume o espírito da campanha "100 por cento Cool",
lançada em 2002 apenas em Lisboa e que a partir de agora se vai alargar a
várias cidades, através de um "road-show", e de publicidade na rádio.
A campanha, que é uma iniciativa da Associação Nacional das Empresas de
Bebidas Espirituosas (ANEBE), conseguiu no ano passado 30 mil jovens
aderentes, ou seja, o número de condutores que pediram um cartão de
condutor "zero por cento de álcool". Para este ano, a ambição da ANEBE é
chegar aos 200 mil.
Nove câmaras municipais - Aveiro Bragança, Évora, Santa Maria da Feira,
Vila Nova de Gaia, Braga, Leiria, Fero e Setúbal - cederam espaços
publicitários para a divulgação da campanha, que inclui ainda um "road-show"
em 2004 em todos os distritos, acções de sensibilização nas principais
cidades e "spots" de rádio.
A iniciativa assume-se como uma forma inovadora de actuar na condução sob
o efeito de álcool, dado que, em vez do espírito repressivo, aposta na
motivação e responsabilização dos jovens no consumo moderado de bebidas
alcoólicas.
A nível europeu, existem várias campanhas do género, nomeadamente em
Espanha, Bélgica, França e Holanda. "Os resultados não são significativos
quando se olha para os resultados dos testes do balão e de acidentes",
afirmou Carole Brigadeau, a responsável de comunicação da associação
europeia de Produtores de Cervejas, Vinho e Bebidas Espirituosas,
designado por Grupo de Amsterdão. No entanto, "trata-se de alterar
comportamentos e isso não se faz de um dia para o outro", sublinhou a
mesma responsável, durante a apresentação da "100 por cento Cool", que
decorreu ontem, em Lisboa.
A eficácia da primeira fase da campanha foi medida através de uma sondagem
referida no livro "Porque nos Matamos na Estrada... e Como o Evitar".
"Apesar dos problemas de eficiência da campanha junto do seu alvo
preferencial, os resultados são, no entanto, animadores, o que reforça a
ideia já expressa que as campanhas de marketing social, apelando à mudança
de comportamentos na condução ganhariam em ser menos genéricas e sim
centradas em comportamentos concretos", refere a publicação, da autoria de
Luís Reto e Jorge de Sá.
A campanha custa 200 mil euros, a que se somam os apoios de diversas
entidades. |