Portugal diário - 21 Nov 03

Trabalhadores mais velhos não podem ser discriminados
PD

Envelhecimento activo passa pelo fim da discriminação dos trabalhadores mais antigos

A promoção do envelhecimento activo, uma das directrizes do Plano Nacional de Emprego 2003-2006, passa pelo fim da discriminação dos trabalhadores mais velhos, segundo um estudo da Direcção-geral do Emprego e Relações de Trabalho.

O estudo «Trabalhadores mais velhos: políticas públicas e práticas empresariais» foi elaborado por Nuno Nóbrega Paisana e pretende contribuir para o debate sobre o envelhecimento activo no contexto nacional e para sustentar, do ponto de vista técnico, as medidas políticas que venham a ser criadas para a sua promoção.

O envelhecimento activo é uma das medidas do Governo que pretende contribuir para a redução dos efeitos económicos e sociais das actuais tendências demográficas nos sistemas de segurança social, quer no que se refere ao desequilíbrio entre activos (contribuintes) e inactivos (pensionistas), quer no que diz respeito ao envelhecimento da população activa, onde o número de idosos já é superior ao dos jovens.

Um inquérito feito a 6.000 empresas, das quais responderam mais de 50 por cento, mostra que as dificuldades sentidas pelos trabalhadores mais velhos são o regresso ao mercado laboral após desemprego, serem preteridos nas acções de formação profissional e a aposentação nem sempre voluntária.

Revela o estudo que a grande maioria dos indivíduos contratados tem idade inferior a 35 anos (71,4 por cento), registando o grupo etário 25-34 anos o maior número de entradas (37,7 por cento) nas empresas, enquanto o grupo 55-64 anos se fica pelos 2,3 por cento.

Quanto ao limite etário a partir do qual as empresas consideram que uma pessoa é velha, no âmbito de um processo de recrutamento, cerca de um quinto das empresas responderam os 40 anos.

Quanto à formação, das empresas inquiridas, 50,7 por cento defende que é preferível investir na formação profissional dos trabalhadores mais novos, 45,5 por cento concorda que os trabalhadores mais velhos estão menos motivados para aprender coisas novas e 42,5 por cento entende que os formandos mais velhos são os que tem maiores dificuldades de aprendizagem.

Contudo, 59,1 por cento das empresas discorda que seja um desperdício dar formação a pessoas que pouco mais anos trabalharão.

Quanto aos factores mais determinantes para a escolha de pessoas a dispensar, no âmbito de uma situação económica complicada, a idade surge como um dos menos significativos, mas, no entanto, a possibilidade de reforma foi apontada por cerca de 70 por cento das empresas, enquanto o baixo nível de produtividade lidera as opções.

Sobre a hipótese de todos os trabalhadores poderem permanecer na empresa além da idade normal de reforma, se assim o desejarem, 69,6 por cento das empresas respondeu que não, mas quando a mesma questão refere somente alguns trabalhadores 72,8 por cento das empresas responderam que sim.

Se a empresa reúne condições ou dispõe de mecanismos que permitem a passagem gradual para a reforma foi outra questão colocada pelo inquérito, à qual 79 por cento das empresas admitiram que não.

Em relação às características psicoprofissionais dos trabalhadores mais velhos, as empresas inquiridas associaram uma maior estabilidade (no que se refere à permanência na empresa), confiança/fidelidade, capacidade de gestão/chefia e responsabilidade.

Por seu turno, aos trabalhadores mais novos a maioria das empresas associou a criatividade, a resistência ao stress, a flexibilidade/adaptabilidade e o domínio das tecnologias de informação e comunicação.

É um facto que o envelhecimento activo é um objectivo político comunitário de apoio ao emprego dos trabalhadores mais velhos, mas 67,1 por cento das empresas desconhecia-o.

O estudo foi elaborado pela Direcção-geral do Emprego e das Relações de Trabalho, um organismo tutelado pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho.

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