Público - 12 Mar 09

 

Charros e copos
Helena Matos

 

O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), João Goulão, iniciou uma forte campanha contra o alcoolismo juvenil.

 

Nesta linha tem feito acusações como “Os pais têm de saber que os filhos bebem quando saem à noite” ou os pais estão a “demitir-se das suas responsabilidades enquanto educadores“. Declarações essas com as quais é difícil não concordar quando, ao fim-de-semana, se passa na zona de Santos, em Lisboa, e se verifica como a zona está transformada numa espécie de ‘embriagódromo-vomitódromo’ infanto-juvenil.

 

A minha única dúvida é se o presidente do IDT, João Goulão, que agora se pronuncia em termos tão duros sobre a responsabilidade dos pais no consumo de álcool, é o mesmo João Goulão que, enquanto presidente do mesmo IDT, editou um dicionário sobre toxicodependência que se destinava a ser consultado por crianças e jovens a partir dos 11 anos? Aos mais esquecidos recordo que nesse dicionário se liam definições como esta “betinho, cocó, careta: aquele que não consome droga e, por isso, é considerado conservador, desprezível e desinteressante”.

 

Pois é precisamente para não serem considerados conservadores, desprezíveis e desinteressantes que muitos pais preferem não ver, não ouvir e não falar sobre o que bebem os filhos.