O presidente do Instituto da Droga e
Toxicodependência (IDT), João Goulão, iniciou uma
forte campanha contra o alcoolismo juvenil.
Nesta linha tem feito acusações como “Os pais têm de
saber que os filhos bebem quando saem à noite” ou os
pais estão a “demitir-se das suas responsabilidades
enquanto educadores“. Declarações essas com as quais
é difícil não concordar quando, ao fim-de-semana, se
passa na zona de Santos, em Lisboa, e se verifica
como a zona está transformada numa espécie de
‘embriagódromo-vomitódromo’ infanto-juvenil.
A minha única dúvida é se o presidente do IDT, João
Goulão, que agora se pronuncia em termos tão duros
sobre a responsabilidade dos pais no consumo de
álcool, é o mesmo João Goulão que, enquanto
presidente do mesmo IDT, editou um dicionário sobre
toxicodependência que se destinava a ser consultado
por crianças e jovens a partir dos 11 anos? Aos mais
esquecidos recordo que nesse dicionário se liam
definições como esta “betinho, cocó, careta: aquele
que não consome droga e, por isso, é considerado
conservador, desprezível e desinteressante”.
Pois é precisamente para não serem considerados
conservadores, desprezíveis e desinteressantes que
muitos pais preferem não ver, não ouvir e não falar
sobre o que bebem os filhos.