Tracy nasceu mulher e quis curar-se disso. Tira
aqui, acrescenta ali, mais a testosterona que lhe
deu barba, mais as leis do estado de Oregon (EUA)
que são modernaças, e ei-la, ele: Thomas. Mas não
completamente: guardou útero e ovários. Thomas casou
com Nancy. Quiseram filhos, naturalmente na
modalidade de apoio externo. Azar, Nancy não pôde.
Thomas lembrou-se, então, que já foi Tracy. Disse o
que nem em todos os casais se pode dizer: "Se não
engravidas tu, engravido eu." De novo, Tracy, Thomas
está grávido. Tecnicamente está grávida, mas para
entrevistas dá mais jeito estar grávido. Estou grato
ao grávido pelo pretexto desta crónica, é uma
história de liberdade, onde cada um faz de si o que
quer. É uma história de liberdade, mas a prazo. Indo
a gravidez em cinco meses, tem mais quatro. Finda as
contas naturais (é, a Natureza pode ser toureada mas
não em tudo), haverá alguém que nada teve a ver com
isto mas sofrerá isto. Nasce e cala-te.