No aniversário do referendo do aborto existiram
importantes iniciativas das forças de defesa da
vida: manifestações, conferências de imprensa,
estudos e declarações. Isto para si é seguramente
uma novidade, porque quase ninguém teve conhecimento
delas. Já passou um mês e podemos dizer com
segurança que a imprensa, em geral, boicotou tais
notícias. Perante os protestos dessas forças veio
uma justificação: dado que o outro lado não se
movimentou, os jornais, rádios e televisões foram
forçadas a passar em claro tais actividades, para
não se fazer um relato enviesado.
Há muito que é conhecida esta atitude jornalística
de sempre ouvir os dois lados em confronto. Trata-se
de uma prática sólida e justa que deve ser cumprida.
Curioso que ao longo das últimas décadas nunca tenha
sido cumprida no problema do aborto. Quando a lei
proibia a prática, bastava alguém dizer-se contra
que tinha microfone garantido. Nessa época não era
preciso ouvir o outro lado. Agora as coisas
inverteram-se. A lei, não só permite, mas subsidia e
fomenta o aborto como uma prática excelente.
Infelizmente passou a ser preciso cumprir as regras
do relato equilibrado. Se os adeptos da nova lei
ficarem calados, conseguem automaticamente silenciar
o outro lado.
Vale a pena meditar um pouco sobre esta
arbitrariedade com que a imprensa aplica a justiça.
Certas causas têm cobertura certa, sem ninguém se
preocupar em ouvir o outro lado. Ser contra a pena
de morte ou a globalização, favorecer o aborto ou a
eutanásia são casos destes. Essas causas não
precisam de imparcialidade.