Presidente do município quer que empresa estrangeira
recorra a trabalhadores nacionais
O presidente do município de Beja admitiu, esta
quinta-feira, denunciar o protocolo assinado com
empresários chineses, depois de informações de que o
pólo empresarial a criar na cidade conta com a
importação de mão-de-obra chinesa.
«Não iremos admitir que uma empresa se instale em
Beja só com mão-de-obra importada», disse Francisco
Santos, em declarações à agência Lusa.
Apesar de considerar «evidente que uma empresa
estrangeira que se instale em Beja, ou noutro sítio
qualquer, terá mão-de-obra do país de origem», o
autarca considerou «imprescindível uma componente
importante de mão-de-obra nacional».
Francisco Santos reagia assim às declarações do
presidente da Associação da Indústria e Comércio dos
Chineses em Portugal (AICCP), que justificou a
importação de mão-de-obra chinesa para o pólo
empresarial a criar em Beja com as «dificuldades na
contratação de operários têxteis portugueses».
Caso se confirmem as intenções dos empresários
chineses em importar mão-de-obra chinesa, Francisco
Santos admitiu ainda «denunciar, de imediato» o
protocolo assinado com a AICCP, lembrando que, «como
é evidente, no acordo, não há nada estabelecido em
relação ao facto de a mão-de-obra ser
preferencialmente chinesa».
Por seu lado, Y Ping Chow, novamente contactado pela
Lusa, voltou a dizer que as empresas que se
instalarem em Beja «vão recorrer a mão-de-obra
chinesa».
«Os empresários vão querer trazer pessoal de
trabalho e de gestão, pessoas que sabem, que gerem e
que são de confiança dos investidores», disse,
salientando que tal «não quer dizer que todos os
trabalhadores serão chineses».
O dirigente associativo lamentou ainda «as críticas
e o muito barulho» que se está a fazer «cedo demais»
à volta do projecto previsto para Beja, que,
sublinhou, «ainda está numa fase inicial».
Y Ping Chow voltou a salientar ainda que a AICCP vai
«tentar criar as melhores condições de instalação
das empresas, com baixos custos de produção e
distribuição dos produtos, para atrair os
empresários» interessados em instalar-se em Beja.
No entanto, frisou, «os empresários chineses vão
cumprir as regras portuguesas e os trabalhadores
chineses vão ter os mesmos direitos, deveres e
benefícios dos trabalhadores portugueses».
A AICCP revelou recentemente querer criar, junto ao
futuro aeroporto de Beja, um parque empresarial
dotado de condições para se transformar numa
plataforma logística para abastecimento e
distribuição de produtos chineses destinados à
Europa.
Além da plataforma logística, a AICCP pretende
também instalar no parque, com uma extensão superior
a 100 hectares, fábricas de produtos de empresas
chinesas e que se destinam à comercialização no
mercado europeu.
Para promover o projecto e atrair investimentos
chineses e de outros países do Extremo Oriente, a
autarquia de Beja assinou, em Fevereiro, um
protocolo de colaboração com a AICCP, que inclui
também, como parceiros, a Associação Empresarial do
Baixo Alentejo e Litoral (AEBAL) e a Empresa de
Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB).
Na altura, segundo noticiou a Lusa, Y Ping Chow
adiantou que há pequenas e médias empresas chinesas
interessadas em instalar-se em Beja, sobretudo
fábricas do sector têxtil e de vestuário, que irão
recorrer a mão-de-obra chinesa.