Diário de Notícias - 19 Mar 04
Testemunhos
Paulo Almeida - Engenheiro civil
Quando viu a filha Carolina pela primeira vez, Paulo Almeida, 32
anos, sentiu-se intimidado «perante um bebé tão pequeno». «A
primeira impressão foi um pouco assustadora, nas primeiras horas
parecia tudo ainda um pouco irreal, mas passados alguns dias já
estava muito mais familiarizado com a bebé». Carolina nasceu há seis
meses e meio e, na altura, Paulo Almeida decidiu gozar a licença de
cinco dias, 15 dias de licença parental e ainda tirou dez dias de
férias. «Achei que era importante, tanto para a bebé como para a
mãe, que eu estivesse presente desde o início.» O pai da Carolina
aprendeu rapidamente a mudar fraldas e a preparar biberões e
continuou a ajudar a esposa nas outras tarefas domésticas. «Nós
dividimos sempre os trabalhos em casa e os cuidados da Carolina
porque trabalhamos os dois e temos de nos repartir.»
Luís Baptista - Operário
«A minha prioridade hoje em dia é sair do trabalho, ir buscar o meu
filho ao infantário, brincar com ele, levá-lo à natação», diz Luís
Baptista, 29 anos, pai do Miguel, de quatro. Quando ele nasceu, o
pai gozou a licença de cinco dias e partilhou, com a mãe, os 120
dias da licença por maternidade. «A profissão da minha esposa não
lhe permitia ficar muito tempo em casa e, por isso, eu decidi ficar
com o bebé durante o resto do tempo da licença dela.» Luís Baptista
foi o único homem da sua empresa que, até hoje, tirou licença por
paternidade para cuidar do filho. Colegas e patrões não viram com
bons olhos a sua decisão e quando regressou ao emprego sentiu «uma
certa distância» por parte deles. «É preciso mudar mentalidades
porque há muita gente que acha que as licenças por paternidade são
uma espécie de capricho dos homens.»
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