Público - 8 Mar 04
Maioria Contra Crianças Adoptadas por Pessoas do Mesmo Sexo
Por ISABEL LEIRIA
A mulher que tiver filhos deve procurar um trabalho a tempo parcial ou
mesmo deixar de trabalhar para tomar conta deles. Os miúdos de pais
separados têm mais problemas psicológicos do que os outros. E os casais
formados por pessoas do mesmo sexo não devem poder adoptar crianças. É
esta a opinião da maioria dos inquiridos da sondagem realizada pela
Universidade Católica para o PÚBLICO e para a RTP.
Dedicada ao tema da educação infantil, a sondagem revela atitudes
predominantemente conservadoras na sociedade portuguesa, sendo certo que
as respostas são, no entanto, muito afectadas pela idade dos inquiridos.
Sobre a adopção de crianças por casais homossexuais, por exemplo, a
maioria (58 por cento) responde ser contra. Quase 30 por cento disseram
ser a favor e 13 por cento não responderam. Mas se se considerar apenas o
universo dos que têm menos de 34 anos, a questão divide os inquiridos, até
com uma ligeira predominância do sim.
O mesmo acontece com a opinião sobre o que deve fazer a mulher depois de
ser mãe. Entre as respostas possíveis, a mais seleccionada (38 por cento)
foi a de que deve "procurar um trabalho a tempo parcial para tomar conta
dos filhos". Trinta por cento dos portugueses defenderam que deve
"continuar a trabalhar como dantes" e 26 por cento que deve "deixar de
trabalhar para tomar conta dos filhos".
Ainda que as respostas se dividam, somando aqueles que entendem que a
mulher não deve ter uma carreira ou que, pelo menos, tem de limitar o seu
ritmo de trabalho, a sondagem chega à conclusão que 64 por cento dos
inquiridos são favoráveis a uma alteração da relação da mulher com a
actividade profissional, a partir do momento em que tem filhos. A
convicção é sobretudo assumida pelos mais velhos.
Problemas dos filhos de pais separados
É igualmente predominante a ideia de que "os filhos de pais separados
acabam por ter mais problemas psicológicos que os outros". Pelos menos
assim responderam dois em cada três inquiridos. Apenas 23 por cento acham
que têm "tantos problemas como os outros", com dois por cento a afirmarem
o contrário.
Entre as dificuldades mais sentidas pelos pais na educação das crianças
aparecem, no topo da lista, a falta de atenção, de diálogo e de tempo. A
falta de disciplina e de formação moral eram outras hipóteses possíveis de
resposta, mas que foram eleitas sobretudo pelos mais velhos. Já os mais
novos disseram estar mais preocupados com a falta de diálogo. Também se
registaram diferenças entre homens e mulheres, com elas a preocuparam-se
mais do que eles com a disponibilidade para as crianças.
A sondagem da Universidade Católica tentou também avaliar qual a opinião
sobre a idade mais adequada para a criança entrar no infantário. As
respostas dispersaram-se muito, mas a que prevalece aponta para os três
anos. Globalmente, os portugueses fazem uma avaliação positiva da rede de
infantários e escolas primárias existentes na respectiva zona de
residência e apenas nove por cento se queixaram de ser má ou muito má.
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