Público - 7 Mar 04

Exames Nacionais Uma Boa Solução

O anúncio, por parte do ministro da Educação, de que existirão exames nacionais no final do 4º e do 6º ano de escolaridade constitui uma boa notícia. Digo-o na qualidade de professor do ensino secundário, mas também como pai de um menino que frequenta o 1º ciclo.

A realização de exames (externos, não realizados pelos professores que leccionaram as aulas) promove o empenhamento dos estudantes na aprendizagem. E representa também um estímulo para os próprios professores: uma "pressão", positiva e saudável, para serem mais cuidadosos na preparação das aulas e no cumprimento dos programas, para serem mais rigorosos na avaliação, para trabalharem em equipa com os colegas, etc.

Contrariamente ao que é dito pelos "especialistas" das "Ciências" da Educação (e por alguns professores alvo da sua influência), os exames não são incompatíveis nem com a avaliação contínua nem com o desenvolvimento de um ensino que valorize a criatividade e o espírito crítico. Antes pelo contrário.

Platão escreveu (cito de memória) que "quem compreende um assunto sabe explicá-lo, quem não sabe explicar é porque não compreendeu verdadeiramente". É apenas isso que está em causa nos exames: os estudantes aprendem e depois mostram publicamente aquilo que aprenderam (nos melhores casos não se limitando a repetir, mas sendo capazes de aplicar o que aprenderam a novas situações). Essa prestação pública de provas é o corolário lógico da aprendizagem, sem ela a aprendizagem não é realmente efectiva.

A existência de exames no final de cada ciclo de ensino não é uma solução milagrosa, capaz por si só de melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem em Portugal; mas é uma condição indispensável, juntamente com várias outras, para alcançar esse objectivo.

Carlos Pires
Faro

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