Comunicado do
Presidente da Associação dos Farmacêuticos Católicos sobre a discussão
sobre o aborto -
1 Mar 04
Em todos os
principais códigos de princípios europeus a vida humana é um valor em
si mesmo, e o seu respeito e o respeito pela sua dignidade são pilares
de uma sociedade de cidadãos livres e solidários.
Na realidade, o
valor da vida humana está presente desde os códigos de princípios mais
antigos aos mais recentes, desde aqueles que dizem respeito às nações
e comunidades por si formadas, até aos códigos deontológicos que regem
determinados profissionais como os de saúde.
Isto é sinal de uma
sabedoria milenar que a humanidade foi adquirindo ao longo da sua
admirável história, que, apesar de tudo, nem sempre viu ser respeitada
a vida humana.
Se à sabedoria da
humanidade juntarmos a sabedoria própria de cada ser humano que,
dando-se conta da sua existência, percebe logo que a sua vida e a dos
seus iguais é qualquer coisa de extremamente valioso, é fácil deduzir
que há princípios que, em vez de os
tentarmos alterar ao sabor das nossas inclinações momentâneas,
pessoais ou colectivas, devemos antes tentar aprender com eles para
que o percurso da humanidade não volte a sofrer novas surpresas
desagradáveis.
A vida humana deve,
em primeiro lugar, ser preservada e
defendida desde a sua concepção à morte natural.
Mas a vida humana
também deve ser preservada e defendida na sua dignidade.
Ao Estado deve caber
o papel de criar todas as condições para que isto aconteça: sociais,
económicas, de saúde, de educação, de paz, de justiça e de liberdade.
Esta actual
discussão, parlamentar e cívica, sobre o aborto, deve levar-nos a
todos a reflectir na forma como o Estado deve criar as condições atrás
descritas e não a voltar a pôr em questão um princípio que, afinal,
ainda há bem pouco tempo parecia corresponder à vontade dos cidadãos
portugueses expressa em referendo.
O actual debate é
salutar e deverá corresponder ao livre exercício da democracia por
parte dos cidadãos, na mesma ordem de razão, uma sociedade democrática
deverá igualmente respeitar o resultado de um acto em que os cidadãos
foram convocados expressamente para se pronunciarem sobre a questão do
aborto.
Presidente da
Associação dos Farmacêuticos Católicos