Público - 7 Mar 03
Temos Que Mudar a Nossa Forma de Estar na Vida
Estamos chegados a um ponto em que não existe um mínimo de razões não para
sermos optimistas, mas para deixarmos de ser em cada dia que passa menos
pessimistas.
Evidentemente, como sempre existem honrosas excepções, mas são cada vez mais
raras. E se essas excepções têm força, integridade e forma correcta de estar na
vida deverão ser as primeiras, de uma forma humana e nunca agressiva, a fazer
com que todo este panorama mude, enquanto é tempo. Perdidas as imensa
oportunidades que fomos tendo ao longo dos anos, desde que passámos a
fazer parte integrante do CEE, em que os fundos foram indevidamente utilizados,
não soubemos mudar mentalidades, não soubemos passar a ser eficientes, eficazes
e pontuais, e continuamos a seguir a teoria do desenrasca, dos espertalhões, de
mostrar grandezas individuais, de mantermos o culto do egoísmo, de se olhar só
para o próprio umbigo. Passou a haver focos de corrupção, por todos os lados,
falta de respeito e consideração pelos nossos concidadãos, falta dos mais
elementares princípios básicos de educação e de comportamento em sociedade.
Aumentou exponencialmente o consumo legal de ansiolíticos e antidepressivos,
porque as pessoas sentem-se mal, inseguras, as incertezas são uma constante.
Este é o panorama real em que nos encontramos, ao que chegámos. Evidentemente
que tem que ser tentada uma solução, ou seja "temos que mudar a nossa forma de
estar na vida". Começar a ser criteriosos em tudo o que fazemos, tentar - mesmo
que por vezes não consigamos resultados de imediato, mas se não tentarmos é que
por certo não iremos conseguir - ser mais perfeitos, mais pontuais, esquecer a
lei do desenrasca, ser menos egoístas, perder a mania das grandezas, eliminar
todos os focos de corrupção, e não criar novos, deixar de haver chicos-espertos,
que inventam sempre esquemas para furar o que deve ser seguido dentro da máxima
correcção e honestidade. Reavivar com o máximo empenho a ideia de humanismo, de
respeito e consideração pelos nossos semelhantes, sem perdermos o nosso espaço,
mas não estarmos sempre a arranjar meios para invadir o espaço do nosso vizinho.
Relançar o conteúdo da palavra família, evidentemente de forma alguma aquela
família patriarcal de há 30 anos atrás, mas uma família, em que existe respeito
consentido, carinho, amor, cumplicidade, humanismo, em que a casa seja o lar, o
local onde nos possamos sentir bem, confortáveis, o nosso refúgio - no bom
sentido da palavra.... No aspecto meramente material, não
alinhar por baixo tentar fazê-lo a nível médio, para, com base nos critérios
atrás referidos, sairmos do pântano em que estamos atolados. (...)
Augusto Kuttner de Magalhães
Porto

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