Público - 13 Mar 03
Considerações Extemporâneas
A assinatura de um protocolo entre o Ministério da Educação (ME) e o
Movimento de Defesa da Vida (MDV) suscitou uma série de reacções
furibundas por parte de pessoas que, afinal, demonstram
admitir apenas uma solução única (será final?) para
aquilo que chamam "educação sexual nas escolas".
Que, por acaso, é a solução da Associação para o Planeamento da Família
(APF), com preservativos, pílulas, aborto e homossexualismo na ementa.
Essas pessoas acham até que mesmo as famílias que têm outra visão da pessoa
humana e da educação se devem submeter a tais receitas, aviadas a
propósito para o efeito, mercê de um outro protocolo,
assinado há alguns anos, entre a APF e o ME.
Mas porquê só a APF e não o MDV? Será que os do MDV são "untermenschen"?
Onde está a liberdade de educação?
Contrariamente ao que se tem afirmado, nem os problemas nem as soluções são
técnicas. A questão é antropológica, de perspectiva do que se entende
quando se fala de pessoa humana, em particular de jovens.
Não faz parte do receituário da APF a capacidade de os
jovens serem senhores de si próprios, limitando-os a
reagir a estímulos de carácter sexual, à maneira do cão de
Pavlov.
A APF bem sabe que, ao apresentar as soluções que chama "técnicas", está a
sugerir e a induzir comportamentos orientados para um certo estilo de
vida. É por isso que procura exterminar a abstinência,
porque não admite que alguém possa ser senhor de si
próprio.
Manuel Brás
Lisboa

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