Educar com autoridade e sem autoritarismo
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Chama-se Summerhill. É um famoso colégio britânico
que, nos anos sessenta, ficou conhecido pela sua
defesa de uma educação sem a presença
“atemorizadora” da autoridade dos professores. Seria
uma educação livre, arejada, sem constrangimentos de
nenhum tipo. Professores e alunos procurariam
ajudar-se mutuamente, com uma sã camaradagem, e
assim trabalhariam lado a lado naquele
revolucionário projecto educativo.
Para alcançar tais objectivos, os directivos do
colégio criaram um método pedagógico verdadeiramente
inovador. Acreditavam que seria a grande solução
para os problemas educativos da época. Não haveria
exames nem notas classificativas. A assistência às
aulas seria totalmente voluntária. A gestão da
própria escola seria, muitas vezes, efectuada pelos
próprios alunos, através de uma assembleia onde se
discutiriam os problemas reais e as suas possíveis
soluções.
A escola tinha sido fundada em 1921. Com esta
inovação educativa na década de sessenta, viveu um
tempo de apogeu e teve um aumento significativo de
alunos. No entanto, poucos anos depois da
implantação do novo método pedagógico, o colégio
começou vertiginosamente a perder alunos.
Constatava-se com uma certa surpresa que, apesar de
todo o esforço por implementar o novo método, os
estudantes não saíam bem preparados da escola. A sua
formação apresentava grandes lacunas e deficiências.
As famílias dos alunos tinham deixado de acreditar
na eficácia do novo método pedagógico.
É uma ingenuidade bastante perigosa imaginar que
podemos educar sem autoridade. Talvez este modo de
pensar proceda de uma certa confusão entre o que
significa autoridade e o que significa
autoritarismo. O autoritarismo é um abuso da
autoridade. É usar a autoridade não para educar, mas
para impor-se aos outros sem respeitar a sua
legítima liberdade. É não entender que educar
significa, antes de qualquer outra coisa, ensinar a
usar bem a liberdade. É pensar que só existe a
liberdade daquele que educa e não a daquele que é
educado.
Geralmente, ninguém tem saudades de professores
autoritários. Professores que atemorizam os alunos e
geram um ambiente desagradável à sua volta.
Professores do estilo “posso, quero e mando”. O
autoritarismo exige pouco talento, pouca arte e
muito pouca imaginação. Sempre foi uma má estratégia
educativa. Um professor autoritário nunca foi um bom
professor.
Com o autoritarismo não se educa, mas com a ausência
de autoridade também não. A autoridade é essencial
para que haja uma verdadeira educação dos alunos. É
com autoridade que os professores conseguem educar
na liberdade. É evidente que o crescimento da
violência escolar está intimamente unido à crise de
autoridade. Esta crise gera nos alunos um receio
diante da possibilidade de, algum dia, terem eles
próprios de exercer a autoridade. Sentem-se
inseguros com esta perspectiva e não amadurecem,
porque não se sentem capazes de assumir
responsabilidades. E não nos esqueçamos que os
jovens são educados para serem adultos, não para
continuarem eternamente adolescentes.