Oferta de cursos profissionais em escolas
secundárias públicas aumenta para seis vezes mais
Isabel Leiria
Guia de acesso com todas as formações existentes
no país para jovens e adultos
é apresentado hoje
O número de turmas de ensino
profissional, que permite o prosseguimento de
estudos superiores mas que visa sobretudo a inserção
no mercado de trabalho depois de concluído o
secundário, vai passar das actuais 72 para 449.
O aumento, superior a 500 por cento, é anunciado
hoje em Alverca, na Secundária Gago Coutinho, pela
ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues,
durante a apresentação da rede de ofertas de nível
secundário disponíveis no próximo ano lectivo.
A aposta na diversificação de possibilidades de
escolha para os jovens que estão com dificuldades em
concluir o ensino básico regular ou com baixas
qualificações passa também pelo aumento da oferta
dos chamados "cursos de educação e formação":
aumentam de 1031 para 1295.
Estes cursos destinam-se preferencialmente a jovens
com 15 ou mais anos, em risco de abandono escolar ou
que deixaram de estudar sem concluir o secundário.
Para além da certificação de estudos, conferem uma
qualificação profissional.
A par da disponiblização de alternativas que possam
corresponder melhor aos interesses dos alunos, a
ligação das novas ofertas às necessidades de
formação do meio social e económico local,
aproveitando os recursos existentes à volta das
escolas, é outra das estratégias que o Governo quer
ver generalizadas no âmbito do programa Novas
Oportunidades. Qualificar um milhão de trabalhadores
e aumentar o número de jovens a seguir cursos
técnicos e profissionais são os compromissos
assumidos para 2010.
É neste objectivo que se insere o curso de Técnico
de Manutenção Industrial/Aeronaves, que se estreia
em Setembro e resulta de uma iniciativa da Câmara
Municipal de Vila Franca de Xira em colaboração com
a Ogma, Indústria Aeronáutica de Portugal SA
(localizada em Alverca) e a escola secundária local.
O protocolo é assinado hoje e prevê a formação de 30
jovens, potenciais futuros técnicos da Ogma, que
contarão com a colaboração das oficinas, em termos
de instalações e de técnicos que vão dar assistência
aos professores da Gago Coutinho.
Depois de terem sido assegurados quase
exclusivamente por instituições privadas, os cursos
profissionais estrearam-se nas escolas secundárias
públicas em 2004/2005, por decisão do ex-ministro da
Educação David Justino, com a criação de 30 turmas.
Quinhentas páginas
de informação
O número não parou de crescer desde então, mas a
maioria da oferta continua a ser assegurada por
escolas privadas. E continuou a ser insuficiente:
estima-se que em 2003 mais de dez mil candidatos
tenham ficado de fora. As taxas de insucesso dos
cursos profissionais, criados em 1989 e que conferem
um certificado de conclusão do secundário e um
diploma de qualificação profissional, são inferiores
às apresentadas pelos alunos dos cursos gerais e
tecnológicos e as taxas de empregabilidade são, em
geral, elevadas.
Para que professores, psicólogos e orientadores
escolares, jovens e adultos tenham ideia de todas as
ofertas de formação de nível secundário existentes,
públicas e privadas, da responsabilidade da Educação
ou do Ministério do Trabalho e da Solidariedade
Social, os dois ministérios produziram um guia de
acesso, disponível a partir de hoje no endereço
electrónico www.novasoportunidades.gov.pt.
A informação será actualizada nesse site, já que
parte dos cursos profissionais que vão começar em
Setembro ainda estão sujeitos a aprovação. Para além
da Internet, o guia pode também ser consultado em
papel.
O documento de quase 500 páginas, organizado por
distritos, vai ser distribuído por escolas e centros
de formação, contendo todos os cursos já confirmados
- artísticos especializados, científico-humanísticos,
tecnológicos, de aprendizagem, de educação e
formação de jovens e adultos, ensino recorrente e
profissionais -, centros de reconhecimento de
competências, instituições públicas e privadas que
os oferecem, duração, habilitações exigidas e
qualificações atribuídas.
O Governo acredita tratar-se de "um instrumento
fundamental de apoio à orientação escolar e
profissional" e que possibilitará "escolas mais
diversificadas, mais informadas e adequadas".