Rtp.pt - 19 Mai 05
Educação Sexual: Associação Planeamento Família rejeita responsabilidades
A Associação para o Planeamento da Família (APF) rejeitou hoje qualquer
responsabilidade no plano de educação sexual em curso nas escolas e nos manuais
utilizados, que alegadamente promovem comportamentos sexuais nos jovens, como
noticiou sábado o semanário Expresso.
O Expresso revelou que o plano de educação sexual nas escolas está a "provocar
acesa polémica entre os educadores", porque "alguns manuais escolares,
elaborados em consonância com as novas orientações dos ministérios da Educação e
da Saúde, propõem aos professores exercícios para crianças de 10 e 11 anos tais
como colorir +partes do corpo que gostam que sejam tocadas+".
De acordo com o semanário, a APF "subscreve as linhas orientadoras" e assinou o
protocolo com os ministérios da Educação e da Saúde, que segundo o Expresso já
está em vigor, para promover a educação Sexual nas escolas.
Refere ainda que a associação garante, no seu relatório anual, "que muitas
escolas estão já envolvidas" e que a APF "reclama a publicação de legislação que
obrigue, efectivamente, as escolas a cumprir este programa".
Em comunicado emitido hoje, a APF diz desconhecer "por completo a existência de
qualquer programa oficial de educação sexual que esteja a ser aplicado nas
escolas".
Aliás, desde 2000, com a publicação do documento "Educação Sexual Escolar -
Linhas Orientadoras", que a APF elaborou em conjunto com os ministérios da Saúde
e Educação, "não foram dados novos passos" na elaboração de manuais ou outros
materiais.
"A APF tem denunciado a demissão completa do Ministério da Educação nesta
matéria e aguarda uma clarificação da política da nova equipa ministerial",
afirma a associação.
Salienta que "não tem quaisquer responsabilidades pelos materiais a que o
semanário Expresso se refere" e defende a preservação da "intimidade e da
privacidade dos jovens em matéria de sexualidade".
Além disso, afirma-se "expressamente contra" qualquer actividade educativa que
vise "incentivar ou promover comportamentos sexuais em crianças e jovens".
A APF lamenta que o Expresso não tenha procurado ouvir a sua posição, acusando o
semanário de "descontextualização e deturpação de diversas obras de educação
sexual realizadas por conhecidos activistas de grupos ultraconservadores".
Apesar das posições hoje assumidas pela APF, a associação anti- despenalização
do aborto Juntos Pela Vida manifestou "repugnância" pelo conteúdo da notícia do
Expresso, acusando a APF de "impregnar educadores e crianças desde a
pré-primária de conceitos e atitudes profundamente desviantes e chocantes".
Por outro lado, A Associação Portuguesa das Famílias Numerosas está a promover
na Internet uma petição de repúdio ao programa de educação sexual que segundo o
Expresso está a ser seguido pelo Ministério, exigindo a sua suspensão e uma
investigação para apurar "autores e cúmplices".
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