Público -
3 Mai 05
Governo promete mais oportunidades de aprendizagem para
adultos
Maria José Santana
Ministra garante também que não desiste do alargamento dos
horários das escolas do 1º ciclo
O Governo pretende alargar as oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida, de forma a combater o baixo índice de
escolarização da população portuguesa. A ministra da Educação, Maria
de Lurdes Rodrigues, garantiu ontem em Aveiro a intenção de
prolongar os cursos de educação e formação para adultos para um
nível equivalente ao secundário.
Em preparação está também o "melhoramento" do sistema de
reconhecimento, validação e certificação de competências - que
permite obter um grau de ensino tendo em conta conhecimentos
adquiridos fora das aulas -, o qual deverá ser alargado a todos os
centros de formação profissional e sedes dos agrupamentos de
escolas.
Maria de Lurdes Rodrigues, que falava na Universidade de Aveiro (UA)
no âmbito do Congresso Internacional Educação e Trabalho, reconheceu
que "não existe, no sistema de ensino, um quadro efectivo de
segundas oportunidades e de aprendizagem ao longo da vida". Razão
pela qual, acrescenta, "apenas cerca de 70 mil activos frequentam,
actualmente, um qualquer grau de ensino". Isto enquanto há, em
Portugal, "2,4 milhões de cidadãos activos que não concluíram a
escolaridade obrigatória", apontou a ministra, acrescentando que,
"destes activos com qualificações mínimas, 800 mil têm menos de 34
anos de idade".
A superação desta situação, frisou a governante, "é uma das
prioridades do programa deste Governo". Um "combate" que Maria de
Lurdes Rodrigues promete travar em duas frentes: "Em primeiro lugar,
combatendo o insucesso e o abandono escolares"; "em segundo,
alargando as oportunidades de aprendizagem ao longo da vida,
colocando a infra-estrutura e os recursos da educação ao serviço da
qualificação dos activos".
Das medidas anunciadas fazem parte o alargamento dos cursos de
educação e formação para adultos e do sistema de certificação de
competências até um nível equivalente ao do secundário. "Para que
possa constituir uma segunda oportunidade de certificação para os
cerca de 400 mil activos que, na última década, passaram por este
nível de ensino e não o completaram", defendeu a titular da pasta da
educação.
Alargamento de horários
Já em declarações proferidas à margem do congresso, Maria de Lurdes
Rodrigues acabou por reconhecer que cerca de metade das escolas do
1º ciclo terão dificuldade em alargar, como previsto, os horários
até às 17h30. "No entanto, essas dificuldades não poderão ser motivo
para desistirmos da sua aplicação", referiu, assegurando assim que o
Governo não irá retroceder nesta intenção, anunciada na semana
passada. "Metade das escolas do 1º ciclo funcionam em horário
normal, o que significa que podem estender a mais duas horas. Na
outra metade, teremos que ultrapassar os problemas detectados",
declarou ainda.
"O alargamento dos horários permite uma oportunidade de acesso a
recursos culturais e escolares para grande parte das crianças, e é
esse o sentido da medida", destacou Maria de Lurdes Rodrigues. A
ideia é proporcionar aos alunos estudo acompanhado em Matemática,
bem como aulas de Inglês e outras actividades extracurriculares. |