Público - 26 Mai 04

Um em Cada Dez Portugueses Consome Tranquilizantes
Por CATARINA GOMES

Um em cada dez portugueses consome sedativos, tranquilizantes ou hipnóticos. A maioria são mulheres e predomina a faixa etária entre os 35 e os 64 anos, revelam os dados do Primeiro Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoactivas na População Geral (com dados de 2001), realizado pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa para o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).

São onze por cento os portugueses considerados pelo estudo como "consumidores actuais", porque dizem ter usado estes produtos farmacêuticos nos últimos ano e mês. Este consumo surge como "claramente feminino", lê-se. Entre os portugueses que dizem ter ingerido estes produtos alguma vez na vida, 70 por cento são do sexo feminino.

Quanto mais se caminha na idade, mais se parece recorrer a estes fármacos: nove por cento dos que consumiram no último mês estão entre os 35 e os 44 anos, quatro por cento estão entre os 55 e 64 anos, sendo nesta faixa etária que se localiza a taxa de continuidade de consumo mais elevada.

A amostragem, que é representativa da população portuguesa, foi de 14.184 entrevistas feitas, em 2001, a pessoas entre os 15 e os 64 anos.

Quanto às variações geográficas, a experiência com drogas lícitas afecta 7,9 por cento dos açorianos (os mais consumidores), logo seguidos pelos nortenhos (6,5 por cento). Em geral, existe a tendência para este consumo ser superior nas áreas urbanas em relação às rurais.

As razões invocadas para o consumo actual destas substâncias foram a "necessidade de se sentir calmo" (70 por cento), a "necessidade de relaxar" (56 por cento) e de "esquecer os problemas" (25 por cento). Doze por cento dos inquiridos que consumiram estes produtos ingeriram-nos uma ou duas vezes sem prescrição médica, 13 por cento tiveram esta prática mais do que duas vezes.

O contacto inicial com estes fármacos ocorreu, em 27 por cento dos casos, quando os inquiridos tinham entre 18 e 29 anos. No que diz respeito à duração do consumo, 38 por cento realizaram-no durante um período que vai de um a cinco anos.

70 por cento dos fumadores são homens

Quanto ao tabaco, trinta por cento dos portugueses dizem ser "fumadores activos"; 11 por cento já experimentaram, embora não fumem actualmente. Já 60 por cento nunca experimentaram. O grosso dos fumadores anda entre os 20 e 44 anos; cerca de 70 por cento são homens.

Nota-se que os que dizem ter puxado de um cigarro no último ano são fumadores frequentes: quase metade (46 por cento) afirma consumir 20 (um maço) a 39 cigarros por dia, 28 por cento fumam 10 a 19 por dia, só seis por cento vão além dos 40. Os consumos que predominam são longos: 27 por cento dos inquiridos fumam há mais de 25 anos.

O consumo regular começou numa grande maioria dos casos - 73 por cento - quando os indivíduos eram adolescentes ou pré-adolescentes: dez por cento iniciaram-se com idades entre os 7 e os 12 anos, onze por cento com 15 anos, 17 por cento entre os 19 e os 24. A influência dos amigos, o convívio escolar e a curiosidade são as ocasiões mais associadas à iniciação. Já o abandono do vício (seis por cento) ocorreu sobretudo entre os 25 e os 34 anos.

O inquérito abordou também a questão das bebidas alcoólicas. Neste capítulo, constata-se que mais de metade (60 por cento) dos portugueses são "consumidores actuais", assim considerados porque responderam ter ingerido álcool nos últimos ano e mês. Na média nacional, o vinho continua a ser a bebida de eleição, logo seguido da cerveja e das bebidas espirituosas. O primeiro contacto com o álcool ocorreu, para 47 por cento dos inquiridos, entre os 6 e os 17 anos.

Refira-se que entre 50 a 64 por cento dos portugueses afirmaram nunca ter ficado embriagados, mesmo consumindo regularmente. As situações mais problemáticas associadas ao consumo tendem a afectar entre 3 e 13 por cento. São três por cento os que dizem ter tomado uma bebida a seguir a acordar, para suprimir a ressaca - um dos indicadores de dependência.

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