Público - 18 Mai 04

Portugueses Acham Que Casais Têm Menos Filhos por Razões Económicas
Por ANDREIA SANCHES
 

A maioria dos portugueses acredita que os casais não têm filhos, ou não têm tantos quantos gostariam, por "falta de meios económicos". Considera aceitável que se viva junto sem casar. Tende a concordar que, quando os problemas conjugais parecem irresolúveis, o divórcio pode ser a melhor solução. Mas duvida que uma mãe sozinha possa criar uma criança tão bem como se a família estivesse unida.

Estas são algumas das conclusões que podem tirar-se dos resultados de uma sondagem sobre "Família" do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa para a RTP e PÚBLICO.

Procurou saber-se, por exemplo, qual é, na opinião dos inquiridos, a melhor forma de convivência "para um casal estável". Mais de dois quintos (41 por cento) afirmam que "depende das pessoas". Esta foi, de resto, a resposta mais mencionada em todos os escalões etários, com a excepção do grupo dos 65 ou mais anos, onde há uma maioria que diz que "casar pela igreja" é a melhor solução.

Globalmente, a segunda opção mais votada nesta pergunta foi, precisamente, "casar pela igreja" - 32 por cento do total da amostra defende que esta é a forma ideal de garantir a estabilidade de uma relação.

Quando se procura aferir como avaliam os portugueses a opção de "um casal viver junto sem casar", fica também a saber-se que 16 por cento consideram que se trata de "um comportamento moralmente reprovável", ao passo que para mais de três quartos (78 por cento) tal é considerado uma "decisão pessoal plenamente aceitável".

Quanto mais jovens, menos as pessoas criticam as relações informais. Contudo, mesmo entre as faixas etárias mais avançadas há sempre uma maioria a considerar aceitável "viver junto sem casar" - 55 por cento dos inquiridos com 65 ou mais anos partilham esta opinião.

A falta de meios económicos é apontada por 63 por cento dos inquiridos como a principal razão para que os casais não tenham filhos ou tenham menos do que gostariam - isto quando se sabe que nos últimos anos houve uma diminuição do número médio de crianças por casal. Apenas 10 em cada cem afirmam que "a falta de apoio às mulheres" é a principal causa deste fenómeno.

Cuidar dos idosos é tarefa da família

Na hora de apontar medidas que fomentem a natalidade, os portugueses dividem-se bastante mais: 26 por cento dizem que atribuir subsídios às famílias numerosas é a medida mais eficaz para resolver a questão e quase um quarto (24 por cento) acha que a promoção do trabalho parcial para as mulheres com filhos cumpriria esse objectivo. Dar maiores deduções nos impostos às famílias mais numerosas é a mais eficaz de todas as políticas para 11 em cada cem inquiridos.

O divórcio foi outro dos temas abordados. A maioria - 64 por cento - tende a concordar com a seguinte afirmação: "Quando um casal não consegue resolver os seus problemas conjugais, a melhor solução acaba por ser o divórcio." Mas se o divórcio é visto como a solução para alguns problemas, são também muitos os que acreditam que a família monoparental levanta dificuldades. A frase: "Uma mãe sozinha pode criar um filho tão bem como uma mãe e um pai juntos" merece a discordância de 59 por cento dos membros da amostra. Esta discordância é maioritária em todos os escalões etários e entre sexos, mas é menos forte nos mais jovens e nas mulheres.

A sondagem mostra, finalmente, que para três quartos dos inquiridos cuidar dos idosos deve ser, principalmente, uma tarefa das suas famílias. Três em cada 10 defendem, pelo contrário, que a assistência aos mais velhos "deve ser principalmente uma tarefa do Estado e da sociedade".

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