A ORGANIZAÇÃO das
Nações Unidas
proclamou 1994 como
Ano Internacional da
Família (AIF).
Portugal teve,
então, um importante
papel nesta decisão
em que se pretendeu
valorizar e reforçar
a família em todo o
mundo. Quem
acompanhou de perto
e com atenção, sabe
bem como o AIF foi
celebrado com
entusiasmo e
mobilização. É justo
recordar que as
inúmeras actividades
desenvolvidas
valeram a Portugal
um prémio de
reconhecimento da
ONU.
Dez anos depois do
AIF, as Nações
Unidas desafiam-nos
de novo e a todos
para recentrarmos
esforços na área da
família. Celebrar o
Dia Internacional
das Famílias, no ano
em que se assinala o
décimo aniversário
do Ano Internacional
da Família, traz
certamente um valor
acrescentado à
reflexão sobre esta
temática. O que se
passou nestes 10
anos? O que vale a
pena celebrar?
Koffi Annan, na sua
mensagem para este
dia, reconhece que
apesar dos
progressos em todo o
mundo ao nível da
implementação de
políticas e
programas, muito
está ainda por
fazer.
O lema de 1994 -
Família, a mais
pequena democracia
no coração da
sociedade - mantém a
sua actualidade e
vigor no ano em que
também celebramos os
30 anos de
democracia em
Portugal. Mudanças
significativas a
nível cultural e
social alteraram
concepções, modelos
e práticas
familiares.
É positivo o caminho
percorrido em torno
do desenvolvimento
económico, da
igualdade de
oportunidades para
homens e mulheres,
da expectativa de
felicidade na
relação conjugal, do
exercício de uma
maternidade e
paternidade
responsáveis, da
preocupação com a
educação dos filhos
e com a qualidade de
vida. Porém, alguns
indicadores da
sociedade portuguesa
revelam mal-estar
social e familiar.
Não pode ser visto
com indiferença o
progressivo aumento
de divórcios, a
descida da taxa de
natalidade, o
envelhecimento
demográfico, os
números do insucesso
ou abandono escolar,
das dependências, da
violência doméstica,
das crianças em
risco, da solidão
dos idosos, das
doenças sexualmente
transmissíveis, dos
problemas de saúde
mental.
O recente livro do
prof. doutor João
Carlos Espada -
Família e Políticas
Públicas
- é particularmente
perturbador e
inquietante, quando
demonstra a
correlação entre
estruturas
familiares e
indicadores sociais.
Ali está, preto no
branco, a prova do
que desde sempre
intuímos como
verdadeiro: a
família estável e
biparental é a
estrutura familiar
em melhores
condições para
assegurar a criação
e educação dos
filhos e garantir
todas aquelas
respostas de que a
sociedade em que
vivemos carece.
E será mesmo que as
políticas públicas
têm favorecido e
valorizado a
estabilidade da
família? Não haverá
perversidades
escondidas? Outros
interesses?
A família comporta
em si mesma forças e
fraquezas. A vida
familiar é a mais
sólida e também a
mais frágil. Temos
tendência para
fragilizar as
relações mais
importantes, pela
inconstância e falta
de cuidado com que
tantas vezes
tratamos os afectos
mais próximos. O
mesmo se pode
aplicar à relação
que o Estado tem
tido para com a
família em muitos
aspectos.
Nos diferentes
âmbitos da sua
actuação e por
imperativo
constitucional, o
Estado, ao
reconhecer a
insubstituível
função da família na
sociedade, tem o
dever de a apoiar e
proteger, concebendo
e aplicando medidas
que, sendo dirigidas
às famílias,
potenciem as suas
competências e
responsabilidades e
estimulem o
desenvolvimento
pleno das suas
funções.
Os 100 compromissos
para uma Política de
Família,
recentemente
apresentados pelo
Governo, têm de ser
cumpridos. O senhor
primeiro-ministro
referiu que a
fiscalidade
necessita de ser
enquadrada numa
reforma fiscal mais
vasta, mas que será
alterada em
benefício das
famílias. Da mesma
forma urge assegurar
uma efectiva
liberdade de escolha
na educação escolar
dos filhos.
Igualmente, a
Assembleia da
República aprovará
proximamente a Lei
de Bases da Família.
São sinais e medidas
concretas ao serviço
das famílias
portuguesas.
Mas o desafio é para
todos. Governo,
autarquias, igrejas,
entidades públicas e
privadas, empresas,
comunicação social,
associações de
família, famílias. O
país, em particular
os distritos,
através do
empenhamento dos
senhores
governadores civis,
mobilizou-se em
torno da família.
São múltiplas as
actividades
propostas para este
dia e para toda a
semana. Muitos
municípios adoptaram
o lema «Um Município
para a Família».
Faça um programa com
a sua família.
Aproveite, descubra
e invista no gosto
de estarem juntos.
Coordenadora
Nacional para os
Assuntos da Família